Convidamos João Amadio, Diretor Executivo da Veteduka e médico-veterinário parceiro da Special Dog Company para contar sua experiência e a importância da residência veterinária.

Acredito que a maior pressão na vida de um médico veterinário, e não só quanto a sua profissão, é sem dúvida a sensação de não estar preparado para o mercado de trabalho após anos de dedicação no sonhado curso de graduação em medicina veterinária. Isso não é novidade para ninguém, pois realmente não estamos preparados nesse momento crucial em nossa vida. Senti nesse meu momento estar muito desconfortável, perdido, algumas vezes sem chão. E não tem nada a ver com o quanto me dediquei aos estudos e estágios na graduação, mas principalmente com a insegurança em prover um tratamento adequado ao paciente, e as expectativas dos seus tutores.

Vou um pouco na frente desse momento de formação para contar o meu primeiro dia de plantão. Por questões de relacionamento, dedicação e “momento certo no lugar certo”, iniciei minha profissão em um renomado hospital veterinário na cidade de Curitiba, onde vim me aventurar. Passar o plantão dos animais internados, ou seja, pegar as informações dos pacientes com o plantonista anterior, me trouxe uma sensação de satisfação, por estar conseguindo colocar em prática todo o meu sonho, que logo se tornou um desespero só, ao sentir que a partir daquele momento a responsabilidade daqueles cachorros e gatos era minha e só minha. E se ele começasse a respirar mal? E quando acabasse o soro, será que era para manter o mesmo ou trocar? E quanto à febre? Sabemos na ponta da língua se aquele número no termômetro é normal ou não, mas não como deve ser tratado. Tudo isso vinha na minha cabeça ao ponto de me pegar abrindo e fechando o livro inúmeras vezes durante a madrugada, que antes era de festas e a partir de agora de muita dedicação e estudos. Lembro de ficar na janela a cada carro que escutava na rua, torcendo para não parar ali no hospital! E quando paravam, abrir a ficha, fazer a anamnese, examinar o paciente e convencer os tutores a aceitarem exames, internação, entre outros custos.

Guardadas as diferentes histórias de plantão, conheço diversos profissionais que tiveram essa mistura de sensações logo que iniciaram a profissão. Na VeteduKa, onde atuo como CEO, fizemos uma pesquisa pedindo aos nossos alunos dos cursos de pós-graduaçãopreparatório para prova da residência e plantonista para citarem 3 palavras que vêm na cabeça nesse momento de finalização de graduação e início de vida profissional. O resultado você confere abaixo na nuvem de palavras.

Percebe-se que palavras como ansiedade, medo e a mais presente, insegurança, exemplificam o que falamos nos parágrafos anteriores: os conhecimentos na graduação não são suficientes para nos sentirmos preparados para o mercado de trabalho!

E está tudo bem! Mostramos aqui que isso aconteceu e acontecerá com todos os seus colegas de profissão, do mais talentoso aluno da sua turma ao mais renomado professor que você admira e se espelha profissionalmente. Essa sensação é explicada por uma questão: a de que uma carreira profissional é muito, mas muito mesmo, dinâmica. Vários fatores importantes precisam estar alinhados com você para que as coisas comecem a dar certo, e isso leva tempo.

Observando outros profissionais, eu entendi que os dois primeiros anos da nossa vida profissional são os mais importantes da nossa carreira. É nesse tempo que absorvemos a maior quantidade de conhecimentos práticos aplicáveis, que irão nortear a nossa rotina.

Observando o que podemos fazer para que isso se torne uma realidade, me vejo privilegiado em ter na medicina veterinária a residência veterinária. A residência tem todos os componentes para que possamos fazer a transição entre graduação e carreira da maneira mais adequada possível. Para quem ainda não conhece, a residência veterinária ou aprimoramento veterinário, é uma modalidade de pós-graduação latu sensu que ocorre dentro dos hospitais universitários de várias instituições de ensino superior hoje no Brasil. Algumas são reguladas pelo MEC, como as multiprofissionais, outras pela própria universidade, como os aprimoramentos. Na residência veterinária você pode escolher a área de atuação que quer seguir, como clínica médica, clínica cirúrgica, grandes animais, e muitas possuem programas de residências voltadas a especialidades como odontologia, cardiologia, oncologia, medicina felina, entre muitas outras. Durante o período de residência, que pode ir de 1 ano (aprimoramentos) a 2 anos (multiprofissionais), o aluno vai atender os tutores e seus pacientes e colocar em prática todo o conhecimento adquirido na graduação, podendo consultar em caso de dúvidas seu professor preceptor, o seu orientador de residência. Mas como são dois anos, e uma turma sai e se renova a cada ano, o residente terá ao seu lado o chamado “R2”, um colega mais experiente que poderá te ajudar de uma maneira inimaginável. É na residência também que você irá discutir situações comerciais com o tutor, ter que convencê-lo a pagar aquele exame ou tratamento, explicar a receita, fazer um acompanhamento a distância e recebê-lo no retorno. Sem contar que muitos hospitais hoje só contratam veterinários com residência. O aluno também vai receber por tudo isso uma bolsa que, nas residências multiprofissionais, é de R$4.106,09.

Só que tem um pequeno problema nesse caminho, que você conhece bem de quando foi fazer vestibular: poucas vagas para muita concorrência. Por ser uma solução excelente, cada dia mais os formandos de medicina veterinária estão buscando essas vagas, tornando o processo cada dia maior e mais difícil. Na medicina humana, é sabido que mais que 90% dos médicos fazem residência. E eles têm por princípio já iniciar a preparação no último ano de graduação. Uma das formas de preparo mais utilizadas são os cursos preparatórios para as provas da residência, modalidade que hoje ganha força também na medicina veterinária. Na VeteduKa inauguramos essa modalidade de curso em 2016 na veterinária e hoje atendemos estudantes de todo o Brasil, se tornando autoridades nessa modalidade de preparação. Conseguimos evoluir dentro desse período e associar, junto às videoaulas, uma equipe de pedagogos com mentorias de estudo, material gráfico e apostila entregue na casa dos alunos, além simulados e questões comentadas, elevando a nossa taxa de aprovação em 85% nas provas de 2021.

Percorrer esse caminho entre a finalização da sua graduação e o início da sua profissão propriamente dita exige um pouco de tempo e atenção, e tenho a mais absoluta certeza que fazer uma residência veterinária é o melhor caminho para um sucesso profissional duradouro, seguro e feliz!

Fonte: Portal Pet – Special Dog Company.