Oscilações do Boi Gordo e Aquecimento da Demanda Internacional. (Maio 2022)

Oscilações do Boi Gordo e Aquecimento da Demanda Internacional. (Maio 2022)

Os preços do boi gordo oscilaram ao longo de maio, mas o
movimento predominante no mês foi de queda. No acumulado do
período (entre 29 de abril e 31 de maio), o Indicador CEPEA/B3
(estado de São Paulo) recuou 4%, fechando a 321,40 no dia 31.
A pressão veio do crescimento na oferta de boi, como típico neste
período do ano, quando as pastagens começam a se deteriorar e o
pecuarista acaba disponibilizando os animais para abate, visando
evitar gastos com suplementação – ressalta-se que os custos com a
alimentação pecuária estão bastante elevados.
Além disso, a demanda doméstica fraca também reforçou o
movimento de queda nos preços do boi gordo neste mês. Com a
inflação alta, o poder de compra da população brasileira está
fragilizado, e demandantes buscam proteínas mais baratas, como
ovos e frango, em detrimento da carne bovina.
Neste cenário, as vendas de carne no mercado atacadista
estiveram tão lentas, que a carcaça casada do boi se desvalorizou
6,3% no acumulado de maio. Trata-se da maior baixa no
acumulado de um mês, desde janeiro de 2020, quando a retração
foi de 8,16%.
Considerando-se as médias mensais, a do boi gordo (Indicador
CEPEA/B3) foi de R$ 323,10 em maio, queda de 3,6% frente à do
mês anterior e de 5,21% em relação à de maio do ano passado, em
termos reais (as médias foram deflacionadas pelo IGP-DI). Para a
carne (carcaça casada do boi, no mercado atacadista), a média do
mês foi de R$ 20,86/kg (ou de R$ 312,90/@), com recuos de 2,9%
na comparação mensal e de 4,62% na anual, também em termos
reais.
Diante disso, em maio, a diferença entre os preços da arroba do
boi gordo e da carne foi de 10,2 Reais/arroba, com vantagem para
o animal para abate. Esta é a menor diferença desde novembro de
2021 e evidencia a pressão sobre os valores da carne.
ABATE – A aquecida demanda internacional pela carne bovina
brasileira e o – consequente – elevado patamar de preço
do boi gordo observados nos últimos anos têm levado pecuaristas
a realizarem investimentos no setor.
E os resultados começam a ser observados. Segundo dados
preliminares do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), no primeiro trimestre de 2022, foram abatidos no
Brasil 6,907 milhões de animais, 4,73% a mais que em 2021. Já
frente ao mesmo período de 2020, observa-se baixa no volume
abatido, de 5,07%.
O movimento no primeiro trimestre de 2022 pode ser considerado
uma recuperação. Vale lembrar que, de janeiro a março de 2021, o
volume de animais abatidos no Brasil somou apenas 6,595 milhões
de cabeças, a menor quantidade para um primeiro trimestre desde
2009, ainda de acordo com dados do IBGE. Além disso, a
quantidade abatida de janeiro a março de 2022 ficou 2,02% acima
da registrada no último trimestre do ano passado. Ressalta-se,
neste ponto, que um movimento de avanço no número de abate
entre os trimestres outubro-novembro-dezembro e janeirofevereiro-março não era registrado desde 2006 para 2007. E,
naquele período, a expansão foi menor que a atual reação, de
apenas 1,65%, ainda de acordo com dados do IBGE.

 

Fonte: CEPEA.

Dr. Fabio Stevanato

Médico Veterinário, Empresário e Escritor - CEO e Autor ImpulsoVet.