Atualizações no Protocolo de Profilaxia pré, pós e reexposição da raiva humana no Brasil.

O Ministério da Saúde emitiu Nota Técnica – NT 08/2022 – CGZV/DEIDT/SVS/MS
sobre “Atualizações no protocolo de profilaxia da raiva humana”. Epidemiologistas
esclarecem que a raiva está aparecendo em locais em que há muitos anos, ou décadas,
não era notificada. Nos últimos anos, houve casos em humanos no Rio de Janeiro e em
Angra dos Reis, locais onde já não se tinha uma notificação há muito tempo. Recentes
estudos apontam mudanças no perfil epidemiológico da raiva no Brasil, e descrevem
os morcegos como os principais reservatórios da doença, e como isso, vem
impactando nas ações de vigilância e controle.
Dessa maneira especialistas consideram que, no atual cenário epidemiológico,
cães e gatos talvez não tenham mais tanta importância na cadeia de transmissão da
doença, porém, apesar da mudança, não há recomendação alguma quanto a
interrupção da vacinação de cachorros e gatos domésticos.
A vacinação contra a raiva não é preconizada para a população geral, porque a
taxa de incidência em humanos é muito baixa, mas deve ser realizada em casos de
agressão por animal suspeito de raiva na região e em pessoas com risco de exposição
ao vírus, como veterinários, biólogos, técnicos agropecuários, funcionários de clínicas
veterinárias e pet shops, guias de ecoturismo, entre outros profissionais.
Mesmo nos acidentes com felinos, os gatos não estão mais transmitindo o vírus
do animal doméstico, mas uma variante desse vírus, proveniente do morcego.
A profilaxia antirrábica deve ser realizada em caso de acidente (mordida ou
arranhão, por exemplo) não apenas com cães, gatos e morcegos (de qualquer espécie),
mas também com saguis, macacos, raposas, guaxinins, quatis, gambás e capivaras,
mesmo quando domesticados.
Portanto, médicos precisam saber que essa doença tem aparecido em locais
improváveis e, é importante atentar aos sinais e sintomas, bem como suspeitar do
diagnóstico de raiva durante o atendimento. No entanto, o preparo dos profissionais
da atenção primária, que são os primeiros a interagir com as vítimas de ataques de
animais, está longe, porém, de ser ótimo.
Uma pesquisa que avaliou mais de 4 milhões de consultas médicas por ataque
de cachorros no Brasil entre 2014 e 2019 evidencia o despreparo dos profissionais. O
procedimento profilático foi inadequado em 42,2% dos casos (n = 1.582.411). Esses
erros médicos resultaram na morte do paciente ou no desperdício de produtos
imunobiológicos. Fonte: https://portugues.medscape.com/verartigo/6508223?reg=1#vp_1
O desconhecimento também se fez visível em outro estudo, que aplicou
questionários a profissionais de saúde que administram a PPE em três estados
brasileiros: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Norte. A maioria não
soube identificar um cão "suspeito" de ser portador do vírus da raiva de acordo com as
diretrizes do Ministério da Saúde. A análise da condição de saúde do cão e das
características da lesão são essenciais para orientar a indicação de PEP. Nessa
pesquisa, apenas 11% dos profissionais demostraram que saberiam prescrever a PEP
adequadamente em diversos cenários envolvendo mordida de
cachorros. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35730814/
Todas as recomendações para os profissionais de saúde e orientações no
esquema de PEP com o soro antirrábico ou imunoglobulina humana antirrábica estão
na última atualização do “protocolo de profilaxia pré, pós e reexposição da raiva
humana no Brasil” – Ministério da Saúde. Link: https://www.gov.br/saude/pt-
br/assuntos/saude-de-a-a-z/r/raiva/imagens/nota-tecnica-n-8_2022-cgzv_deidt_svs_ms.pdf/view
Por: Rodrigo Brasil