Coccidiose neonatal: desafio para a suinocultura.
A coccidiose neonatal é uma doença parasitária que afeta leitões lactentes em todo o mundo, representando um importante desafio para a suinocultura. É causada por Cystoisospora suis, protozoários que infectam o trato gastrointestinal dos animais, resultando em prejuízos econômicos devido aos custos de tratamento, diminuição do desempenho e aumento da mortalidade. Os leitões são particularmente suscetíveis à infecção por Cystoisospora suis durante a maternidade devido à imaturidade do seu sistema imunológico.
Os suínos são infectados pela ingestão de oocistos, que são a forma de resistência ambiental dos protozoários, presentes no ambiente contaminado. Os oocistos imaturos, ou não-esporulados, precisam passar por uma transformação para se tornarem infectantes, em sua forma esporulada, o que ocorre em determinadas temperaturas e umidade (Figura 1). A maternidade é um ambiente propício para a esporulação dos oocistos devido ao aquecimento necessário aos neonatos. Da mesma forma, o verão é um período que favorece a ocorrência destas infecções.
Figura 1. Transformação da forma não-infectante (imatura) do occisto de Cystoiospora suis para sua forma infectante (oocisto maduro contendo esporocistos). Imagem preparada por meio do software BioRender.
A via fecal-oral é a principal via de infecção dos suínos, mas também pode ocorrer via água e alimentos contaminados. Após a ingestão dos oocistos, o próprio processo digestivo ativa os esporozoítos, os quais conseguem sair dos esporocistos para infectar células epiteliais do intestino delgado. Lá eles irão se multiplicar e causar danos, levando à má absorção de nutrientes e diarreia, além de eliminação de oocistos nas fezes, contaminando o ambiente.
Cada oocisto pode conter múltiplos esporozoítos, que podem ser ingeridos por leitões não infectados, iniciando um novo ciclo de infecção por Cystoisospora suis.
Os sinais clínicos normalmente ocorrem na segunda semana de vida do leitão, quando observa-se uma diarreia amarelada à acinzentada, pastosa, que se torna mais fluida à medida que a infecção progride (Figuras 2a e 2b). Os animais acometidos desenvolvem um pelo áspero, desidratação e perda de peso. A mortalidade normalmente é baixa, mas quando há infecções secundárias, esse cenário pode ser diferente.
Figuras 2a e 2b: Baia maternidade contendo conteúdo diarreico pastoso amarelo-acinzentado, uma das características observadas na coccidiose. Imagens arquivo pessoal dr. Luís Guilherme de Oliveira.
Existem fatores de risco que contribuem para a disseminação e ocorrência da doença, como (i) falta de limpeza adequada nas instalações, que propicia maior contato com fezes; (ii) aglomeração excessiva de animais em espaços limitados, o que facilita a disseminação dos oocistos no ambiente; (iii) situações de estresse, como o desmame, transporte e mudanças no ambiente, que podem enfraquecer o sistema imunológico dos suínos, tornando-os mais suscetíveis à infecção; (iv) alimentação deficiente em nutrientes essenciais, o que pode comprometer a saúde intestinal e aumentar a susceptibilidade à infecção.
O diagnóstico da coccidiose pode ser baseado em sinais clínicos característicos, mas é confirmado por meio de exames laboratoriais, e a técnica mais comumente utilizada é a contagem de oocistos nas fezes. As amostras fecais são coletadas e examinadas microscopicamente para identificar e quantificar os oocistos do protozoário. É importante realizar um diagnóstico diferencial para descartar outras doenças.
O controle desta doença envolve a adoção de medidas de manejo e do uso de medicação, visando reduzir a contaminação do ambiente com oocistos. Uma sanitização adequada do ambiente é de extrema importância para minimizar os impactos da coccidiose, aliada ao uso de um bom princípio ativo para controle da doença.
Fonte: Ourofino Saúde Animal.