Como medir a taxa de sucesso da cirurgia oncológica nos animais?
É comum ouvirmos após tratamentos clínicos ou cirúrgicos fracassados que
o câncer não tem cura e que sempre volta.
A cirurgia oncológica é, na maioria dos casos, apenas o primeiro passo no
tratamento do câncer e requer um seguimento de longo prazo. No entanto, a maioria
dos cirurgiões simplesmente não tem idéia de como seus pacientes estão indo além
do check-up inicial no pós-operatório.
Muitos tutores, considerando os custos envolvidos, invasividade do
procedimento e desconhecimento do caminho a ser percorrido, perguntam sobre
qual a probabilidade de cura após a cirurgia. A resposta é simples. Não sabemos !
Isto porque nos falta avaliar com transparência e isenção, a medida de desempenho
ou taxa de sucesso cirúrgico em cada hospital ou clínica oncológica.
Porém medir desfechos cirúrgicos é especialmente difícil, uma vez que a
eficácia da intervenção nem sempre é imediatamente aparente. Sem dúvida, o
monitoramento direto dos resultados é, de longe, o método mais robusto de medida
de desfecho, porém este exige um seguimento (follow-up) de longo prazo.
Mas como definir o sucesso de uma cirurgia? Pela baixa mortalidade
pós-operatória? A taxa de mortalidade é uma medida imperfeita de qualidade, pois
esta pressupõe que toda a mortalidade na cirurgia seja evitável, o que nem sempre
é possível. Uma segunda opção seria avaliar o tempo de sobrevida. Em muitos
casos, um longo tempo de sobrevida vem acompanhado de uma perda expressiva
da qualidade de vida do animal, seja por internações seguidas, reoperações,
síndromes paraneoplásicas (anemia, caquexia, polineuropatias periféricas, dor
crônica, etc.), ou mesmo condições psicológicas associadas, como a depressão.
Assim, o sucesso de um tratamento cirúrgico, deve ser traduzido
principalmente pela qualidade de vida do animal (atividade física, apetite, sono,
ausência de dor e limitações funcionais, e vivacidade).
O gerenciamento de uma doença tão difícil e complexa quanto o câncer,
exige não apenas a presença de um oncologista, mas de uma equipe
multidisciplinar competente e engajada.
Marcel Vasconcellos