As comunidades indígenas Jauari, na região da Raposa, no município de Normandia e Livramento, no Tabaio, município de Alto Alegre, receberam a visita da secretária do Movimento de Mulheres Indígenas do Conselho Indígena de Roraima ( CIR), Kelliane Wapichana. Durante as visitas, ocorridas nos dias 14 e 15, as comunidades apresentaram projetos de agricultura, bovinocultura, artesanato e demais executados na comunidade, além de apresentarem outras demandas e planos comunitários.
Jauari – Raposa
A pedido das mulheres e do Tuxaua da comunidade, Erivelton Macuxi, a visita na comunidade Jauari, um local distante a 190 km de Boa Vista e de difícil acesso, foi importante para acompanhar as atividades desenvolvidas no local, e ouvir as necessidades e planos da comunidade. “É importante esse fortalecimento para elas e para nós comunidade”, considerou o Tuxaua sobre a visita da Secretária.
Visita da secretária Kelliane Wapichana, as produções da comunidade Jauari, região raposa. Fotos Ascom /CIR.
Na comunidade Jauari, as mulheres executam o projeto “ Mulheres na roça”, iniciado ano passado e tem dado certo. Na primeira colheita foram feitas 25 sacas de farinha, e usadas tanto para o consumo próprio quanto para comercialização em Normandia.
Aproveitando o solo fértil para produção agrícola orgânica, tendo como principais produtos, manivas, milho, banana e melancia, a comunidade também investe na produção bovina. São 115 reses do projeto de gado comunitário.
” Temos orgulho de mostrar nossas plantações, mas, é preciso investir e ampliar cada vez mais. Por isso, pedimos à secretaria junto ao CIR apoio com ferramentas para realizar os serviços e aumentar cada vez mais a nossa produção”, reforçou a coordenadora das mulheres, Áurea Lucas da Silva.
A mudança climática, também é sentida na região. Os relatos são que, antigamente, nessa época do ano, era de muita chuva chegando a perder plantações, e hoje as chuvas que, eram rigorosas, tem dado espaço para estiagem, o que prejudica o cultivo das roças. Para auxiliar na produção, as mulheres pediram um kit de irrigação.
A situação não desanima os moradores. Os primeiros passos para desenvolver outros projetos já foram dados, como fazer o retiro das mulheres, onde serão produzidos bananas, feijão, milho, carneiros, e a construção da casa de farinha. No viveiro, a ideia é fazer uma horta com couve, alface, pimenta, colocar mudas frutíferas, e plantas nativas para reflorestar.
Kelliane, conheceu esses locais e acompanhou um pouco da produção de farinha, e viu o potencial do local. Ela ressaltou que a união de mulheres, homens e jovens é importante porque isso faz a diferença, para fortalecer os projetos. A secretaria também entregou sementes variadas às mulheres e afirmou que a valorização das sementes tradicionais é fundamental para o futuro e a união de mulheres ,homens e jovens.
“É a nossa tradição ter isso nas nossas comunidades, o território é isso, ter nossas produções indígenas, valorizar nossas sementes indígenas, nossas sementes tradicionais, porque atualmente o sistema te impõe, o sistema do não indígena”, refletiu kelliane.
Ela falou sobre as ações da secretaria das mulheres nas comunidades, que tem levado palestras sobre os direitos das mulheres, os cuidados com a auto estima, saúde mental e os tipos de violência contra a mulher, como a doméstica e familiar.
“ Estamos nas comunidades levando informações importantes às mulheres, reestruturando o departamento para dar mais apoio aos projetos e às mulheres”, informou Kelliane, há quatro meses à frente da Secretaria e dando continuidade aos trabalhos realizados pela ex-secretária Maria Betânia.
O coordenador da região Raposa, Valério Eurico da silva , e o coordenador regional da Juventude, Paulo Ricardo Justino, acompanharam a visita às roças e compartilharam experiências e conhecimentos. ” A juventude tem um papel importante na Comunidade, é uma peça fundamental, por isso é preciso fortalecer os jovens, ouvindo e repassando os conhecimentos dos mais antigos “, frisou Paulo.
Lideranças tradicionais, apresentando as produções a secretária geral do movimento de mulheres indígenas. Fotos Ascom/ CIR.
O coordenador Valério, lembrou que a comunidade Jauari, foi o primeiro lugar que morou quando chegou na região Raposa, e parabenizou a comunidade pelos resultados positivos diante dos projetos e atividades realizadas.
“Vocês estão de parabéns, tudo que foi mostrado é muito bom, projeto desenvolvido sem depender do governo. Agora é apoiar para aumentar a produtividade”, sugeriu o coordenador.
Livramento – Tabaio
Dando continuidade às visitas, no sábado (15), a secretária Kelliane Wapichana visitou a comunidade indígena Livramento, região Tabaio, município de Alto Alegre. Ela foi recepcionada pelas mulheres da região. No encontro, o diálogo foi sobre os projetos existentes na região assim como as demandas. Kelliane apresentou às mulheres, os apoios direcionados às atividades da secretaria, e ainda, informou sobre o cronograma das atividades da organização.
“Nessa reunião trazemos informações sobre o fortalecimento com seminários, projetos na área de agricultura e medicina tradicional, seminário sobre os direitos das mulheres e auto estima. Estamos dialogando e fortalecendo essas iniciativas na região”, informou Kelliane sobre as ações que serão desenvolvidas com o apoio dos parceiros.
As mulheres, da comunidade Livramento região Tabaio apresentando as demandas para secretária Kelliane Wapichana. Foto Ascom/CIR.
O artesanato está entre as atividades feitas pelas mulheres da região, e foi exposto no encontro. A coordenadora das mulheres da região Tabaio Jailda, ressaltou a importância do fortalecimento das ações voltadas às mulheres.
“ Somos gratas aos apoiadores e ao CIR pelo auxílio que nos tem dado nos projetos, fortalecendo nossas culturas, nossas roças, artesanato, agricultura familiar, medicina tradicional,tudo isso é muito importante para nossa região”, ressaltou Jailda, ao agradecer a organização pelo apoio.
As visitas fazem parte das ações da secretaria geral do Movimento das Mulheres Indígenas do CIR, junto às mulheres levando informações fundamentais para o fortalecimento da autonomia e empoderamento das mulheres indígenas.
Fonte: Conselho Indígena de Roraima.