Os pets são muito curiosos, e para mantê-los seguros durante a primavera é importante ter o conhecimento sobre as plantas e suas características.

A primavera, que tem início no dia 22 de setembro, é conhecida como a estação mais colorida do ano devido a floração de diversas espécies de plantas. Essa época é marcada por temperaturas mais amenas e chuvas mais frequentes, principalmente nos períodos da tarde e ao anoitecer, aumentando assim a umidade relativa do ar.

Essas mudanças climáticas favorecem o florescimento de diversas plantas, sendo comum encontrar jardins, ruas e calçadas tomadas por pétalas coloridas. E assim como esse evento chama a nossa atenção, as flores podem também atrair a atenção dos nossos pets, tanto por suas cores como por seus cheiros característicos. Por isso, é preciso ficar atento e ter conhecimento sobre as espécies de plantas que os pets estão tendo contato, pois algumas podem ser tóxicas, ocasionando graves complicações para a saúde dos animais se ingeridas.

Muitos pets são levados a clínicas veterinárias intoxicados por plantas ornamentais, e para que o médico-veterinário consiga chegar ao correto diagnóstico clínico é muito importante que o proprietário relate o contato do pet com as plantas em sua casa ou que seu animal teve contato. Alguns fatores podem predispor a intoxicação, sendo importante considerar a idade do animal, o estresse, distúrbios comportamentais e mudanças no ambiente.

Para te auxiliar na identificação das principais plantas tóxicas, trouxemos alguns exemplos de espécies comumente encontradas em diversas regiões brasileiras, bem como os sintomas que podem ser apresentados pelos pets quem entram em contato com elas.

Azaleia (Rhododendron spp.)

Trata-se de uma planta muito comum nas residências brasileiras. Possui um princípio ativo chamado andromedotixina, que possui característica cardiotóxica. Sua ingestão pode causar distúrbios digestivos e alterações cardíacas. Dentre os principais sinais apresentados após a ingestão dessa planta, destacam-se: arritmias cardíacas (taquicardia, bradicardia), pulso irregular, anorexia (quando o animal para de comer), diarreia persistente ou muco-sanguinolenta, dor abdominal, náuseas, vômito e sialorreia (salivação excessiva). Os distúrbios gastrointestinais tendem a aparecer após 6 horas da ingestão dessa planta.

Espirradeira (Nerium spp)

É uma planta arbustiva, que apresenta toxidez em todas as suas partes secas ou frescas, tendo a oleandrina e neriantina como seus principais princípios ativos. A ingestão de apenas uma folha já pode ser suficiente para intoxicar o animal. A intoxicação pode se dar não apenas pela ingestão de qualquer parte da planta, mas também pela inalação e contato com a pele ou mucosas. Os principais sinais de intoxicação pela espirradeira incluem: eritema bucal (vermelhidão na boca), dermatite por contato (reação alérgica na pele), náuseas, vômito, sialorreia, cólicas abdominais, alterações neurológicas e na visão e sintomas cardiovasculares.

Coroa-de-Cristo (Euphorbia spp.)

É uma planta com espinhos rígidos e pequenas flores vermelhas, que solta uma substância leitosa ao ser quebrada (látex branco), com caráter cáustico e irritante, tendo efeito sobre as mucosas (oral e ocular). Ao entrar em contato com os olhos pode causar conjuntivite ou até lesões mais graves, que se não tratadas a tempo, podem levar à cegueira. Em contato com a pele pode causar queimaduras, com formação de bolhas. Se ocorrer a mastigação ou a ingestão, o animal pode apresentar salivação excessiva, náuseas, vômitos e diarreia.

Lírio (Hemerocallis e Lilium spp.)

O lírio é uma planta muito comum nos jardins, decorações de casas e buquês. Possui diversas espécies, apresentando flores de variadas cores.  Os gatos costumam ter maior atração por essa planta, e são os pets mais comumente intoxicados por ela. A toxina que causa nefrotoxicidade e danos renais nos felinos é desconhecida, bem como sua dose tóxica, entretanto sabe-se que pequenas quantidades de folhas ou flores ingeridas já são suficientes para causar intoxicação. Os sintomas aparecem rapidamente após a ingestão (média de 1 a 3 horas), sendo os principais: vômito, anorexia, polidipsia (aumento da frequência de ingestão de água), poliúria (aumento da frequência de micção) e ocasionalmente desorientação, edema de face e patas e convulsões.

Bico-de-papagaio (Euphorbia pulcherrima)

Esta planta também pode ser conhecida como poinsétia, rabo de arara, flor de Santo Antônio ou flor de Natal. É uma planta cujas flores na verdade são uma espécie de folhas modificadas, sendo a coloração vermelha mais comum. Também possui látex, e seus princípios ativos tóxicos são as toxialbuminas. Os principais sinais apresentados pela intoxicação com essa planta compreendem: irritação da mucosa bucal, edema de lábios e língua e dor. A ingestão pode lesionar as mucosas faríngea, esofágica e gástrica, provocando náuseas e vômitos.

Copo-de-leite (Zantedeschia ssp)

É uma planta ornamental, com pétalas aveludadas e a flor mais comum é a de cor branca. Possui látex nas folhas e no caule. Apresenta ráfides de oxalato de cálcio e saponinas como seus principais princípios ativos tóxicos. Os principais sinais clínicos apresentados após a intoxicação são: dor e inchaço nas mucosas orais, garganta, língua e faringe, náuseas, salivação excessiva, vômitos e diarreia. Em contato com os olhos pode causar irritação e inchaço da mucosa ocular e das pálpebras.

Os animais idosos e filhotes são potencialmente mais sensíveis a intoxicações devido a seus sistemas imunológicos. Comumente ouvimos que os animais podem identificar as plantas tóxicas por instinto, mas esta informação não deve ser considerada. Em alguns casos, os animais podem sim selecionar as plantas que estão disponíveis, através de sua palatabilidade (sabor, atratividade) e pelas sensações que ocorram após a ingestão. Mas acabam ingerindo plantas que, apesar de palatáveis, produzem efeitos adversos, principalmente náuseas e vômitos.

Uma dica para quem possui plantas tóxicas em casa é deixá-las em locais que o pet não tenha acesso, se possível suspensas ou em prateleiras onde o pet não consiga alcançar. Mantenha sempre a prática de retirar flores ou folhas secas, para que não caiam e possibilitem ao pet mastigá-las. E se conseguir, ensine o seu pet a brincar apenas com os brinquedos e petiscos destinados a ele. Você pode acessar algumas dicas de adestramento e comportamento para pets clicando aqui.

A procura pelo médico-veterinário imediatamente após perceber que o pet entrou em contato com alguma planta tóxica ou está apresentando alguma sintomatologia diferente é extremamente necessário para o sucesso de um tratamento eficaz. Somente este profissional é capacitado e possui conhecimentos para salvar a vida do seu pet. Qualquer receita caseira ou superstição pode colocar a vida dos animais intoxicados em risco, tornando seu estado irreversível.

Além das intoxicações, o contato com as flores também pode provocar outros tipos de reações nos pets, a depender de seu metabolismo e imunidade. Alguns cães possuem sensibilidade ao pólen das plantas, podendo desenvolver alergias respiratórias como a rinite e/ ou prurido na pele, sendo necessário um acompanhamento pelo médico-veterinário para identificação desse alérgeno.

É importante se atentar também com o aparecimento de insetos, muito comuns nessa estação do ano, como abelhas, formigas e vespas, que são atraídos pelas flores. O pet pode acabar tendo contato com esses insetos e ser picado acidentalmente. Caso perceba alguma reação alérgica característica de picada de insetos, é importante relatar ao médico-veterinário sobre a presença dos mesmos próximo aos locais que o pet possui acesso, para que ele possa adotar a melhor abordagem de tratamento com o animal.

Os cuidados são necessários durante todas as épocas do ano, e os pets requerem nossa atenção em tempo integral. Com essas informações e conhecimentos, você poderá aproveitar a estação mais colorida do ano com seu pet de forma mais tranquila e segura.

Fonte: Portal Pet – Special Dog Company.