Dermatofitose em gatos e cães.

Dermatofitose em gatos e cães.

Dermatofitose em gatos e cães

A dermatofitose é uma doença de caráter zoonótico que atinge diversas espécies de animais e os seres humanos; saiba detectar essa infecção fúngica e orientar corretamente os tutores sobre as medidas preventivas

Entre as enfermidades dermatológicas que afetam gatos e cães, a dermatofitose ganha destaque. Trata-se de uma das frequentes zoonoses identificadas na rotina veterinária e que pode também afetar os seres humanos.

Embora seja uma doença contagiosa, a dermatofitose não é fatal. Ela é curável e com o tratamento realizado de forma correta possui prognóstico favorável na grande maioria dos casos.

Estudos recentes mostram que a prevalência da dermatofitose é de aproximadamente 4 a 15% em cães e ultrapassa 20% nos gatos (SOUZA et al, 2022). Sendo assim, trata-se de uma afecção dermatológica comum nos pets.

Os cães e gatos são animais de companhia que geralmente convivem no mesmo ambiente que os seres humanos e, portanto, colaboram com a cadeia de transmissão da dermatofitose devido à proximidade que possuem com os seus tutores. Cerca de 30% da dermatofitose em seres humanos é de origem zoonótica e o Microsporum canis é o dermatófito zoofílico mais frequente nessa transmissão (SOUZA et al, 2022). Entretanto, existem medidas preventivas eficazes para evitar a doença.

Neste artigo abordaremos o que é dermatofitose e os principais detalhes sobre diagnóstico, prevenção e tratamento dessa zoonose.

O que é a dermatofitose?

A dermatofitose é uma zoonose que infecta os cães e principalmente os gatos, sendo que muitos felinos são hospedeiros assintomáticos. O fungo é considerado queratinofílico, acometendo o tecido cutâneo de forma superficial: extrato córneo da epiderme, pêlos e unhas (LOPES e DANTAS, 2016), diferente das dermatites profundas, como a esporotricose e a criptococose.

Agentes causadores da dermatofitose em gatos e cães

Os principais agentes envolvidos em quadros de dermatofitoses em gatos e cães são denominados de fungos dermatófitos e incluem:

  • Microsporum canis: fungo zoofílico, sendo o mais frequente na rotina veterinária de pequenos animais;
  • Microsporum gypseum: fungo geofílico, ou seja, coloniza o solo, afetando animais e seres humanos que façam contato direto com o solo contaminado;
  • Trichophyton mentagrophytes: fungo zoofílico, geralmente é mais encontrado em roedores.

Esses dermatófitos pertencem à família Arthrodermataceae e são filamentosos, septados, hialinos, queratinofílicos e, consequentemente, queratinolíticos (SOUZA et al, 2022).

Possuem em sua estrutura hifas que se reproduzem em condições favoráveis por meio da fragmentação, dando origem às estruturas artrósporos ou artroconídeos – o novo esporo formado pela desarticulação da hifa do fungo (SOUZA et al, 2022).

Esses fungos invadem o tecido cutâneo dos hospedeiros e degradam a queratina, que por sua vez será um nutriente essencial para o agente infeccioso (LOPES e DANTAS, 2016).

Potencial zoonótico e formas de transmissão da dermatofitose

A transmissão da doença pode ocorrer por meio de (SOUZA et al, 2022):

  • contato direto com as lesões contaminadas: brigas com arranhaduras e mordeduras, lambeduras, esfregar-se em outros animais e seres humanos;
  • ambiente e objetos contaminados: camas, tapetes, escovas, solo e outros;
  • fômites entre um animal saudável e outro acometido ou seres humanos;
  • contato com animais assintomáticos;
    outros.

A infecção fúngica pode ser assintomática e sem lesões, principalmente em felinos. No entanto, mesmo diante da ausência de sinais clínicos evidentes, o hospedeiro pode transmitir a infecção para outros animais ou seres humanos que por sua vez podem desenvolver a doença.

Predisposição racial e fatores predisponentes

Embora possa acometer diversas espécies além de cães e gatos de todas as raças e idades, existem alguns fatores que favorecem o desenvolvimento da dermatofitose, incluindo (LOPES e DANTAS, 2016):

  • raças de pelagem longa: observa-se maior prevalência nos cães Yorkshire Terrier e gatos Persa em relação a outras raças;
  • animais com comportamento agressivo e territorialista, como os que não são castrados, pois eles podem se envolver em brigas e ter contado com lesões contaminadas de outros animais;
  • pets que frequentam parques e outros locais com outros animais, também pelo contato com o ambiente e com outros indivíduos que podem estar contaminados;
  • animais imunossuprimidos, filhotes ou jovens com menos de 1 ano de idade e idosos são mais acometidos, devido a fragilidade do sistema imunológico.

Fatores ambientes também estão envolvidos, tais como (LOPES e DANTAS, 2016):

  • regiões tropicais e subtropicais, por terem temperaturas mais elevadas, favorecendo a proliferação fúngica;
  • ambientes úmidos;
  • superpopulação de animais;
  • acesso do animal a locais infectados.

Sinais clínicos

Grande parte dos hospedeiros apresentam manifestações clínicas, mas existe uma parcela considerável que é assintomática: cerca de 17 a 80% dos gatos e de 4 a 9% dos cães (SOUZA et al, 2022).

Os animais que não são assintomáticos manifestam os sinais clínicos por volta da terceira semana após a exposição ao agente patogênico. Eles podem apresentar:

  • lesões geográficas, irregulares, podendo ser localizadas ou não;
  • lesões iridiformes ou queda de pelo em “pincel”;
  • alopecia, formação de crostas e escamas (por lesões “sujas”).

Geralmente há ausência de prurido. Porém, esse sinal pode ocorrer, principalmente caso haja outra infecção concomitante.

De forma rara também pode ocorrer dermatofitose nodular e pseudomicetoma dermatofítico nos animais infectados (LOPES e DANTAS, 2016).

A intensidade dessas manifestações clínicas é variável, de acordo com o agente envolvido e fatores do próprio indivíduo acometido. Também pode haver outros sinais clínicos caso existam outros agentes ou outras enfermidades concomitantes.

Diagnóstico de dermatofitose

Como em todas as doenças que afetam os pets, a anamnese se faz essencial para levantar o histórico do animal e direcionar a suspeita de diagnóstico. Além disso, é essencial que seja realizado o exame físico do pet e exames complementares.

Os exames capazes de identificar a dermatofitose em cães e gatos são (LOPES e DANTAS, 2016; SOUZA et al, 2022):

  • microscopia direta: o exame é muito utilizado na rotina dermatológica também como forma de triagem para identificação de outros possíveis problemas de pele. A identificação microscópica de macronídeos com mais de 5 ou 6 divisões em sua estrutura indicam Microsporum canis;
  • cultura fúngica: o exame possibilita o diagnóstico da dermatofitose em cães e gatos. A amostra para análise (pelos) deve ser retirada da borda da lesão. A técnica de carpete ou teste de mackenzie podem ser aplicadas para a coleta do material. Além disso, a lâmpada de wood pode auxiliar durante a coleta, pois identifica facilmente a presença de M. canis, direcionando o Médico-veterinário quanto ao local mais apropriado para a coleta do material que será analisado (mas poderá haver interferência caso haja resíduos de substâncias com derivados de mercúrio ou iodo, álcool e éter). Porém, a lâmpada de wood não consegue identificar os demais agentes causadores de dermatofitose, como o M. gypseum e T. mentagrophytes e, portanto, não deve ser usada como método diagnóstico. Como resultado positivo espera-se que ocorra o crescimento do fungo dentro do período médio de 3 semanas.

Tratamento para dermatofitose em gatos e cães

O tratamento para dermatofitose consiste na terapia medicamentosa, podendo ser realizada a administração de antifúngicos de ação tópica e sistêmica (LOPES e DANTAS, 2016).

Dessa forma, animais com sinais clínicos podem ser tratados com medicamentos sistêmicos, como o Itraconazol (LOPES e DANTAS, 2016). Já os animais assintomáticos ou fêmeas prenhes devem ser tratados com fármacos tópicos, podendo ser recomendado banhos com substâncias à base de clorexidine e miconazol 2% associados. O Médico-Veterinário deverá avaliar o caso de forma individual e recomendar as doses e frequências mais adequadas para cada paciente.

Para os animais de pêlo longo, a tricotomia também pode ser considerada uma possibilidade, conforme avaliação do profissional (LOPES e DANTAS, 2016).

O Médico-Veterinário deve investigar se há outras enfermidades concomitantes para que o tratamento seja mais eficaz (SOUZA et al, 2022).

Formas de prevenção e recomendações aos tutores

As principais medidas preventivas incluem:

  • limpeza dos objetos do pet e do ambiente em que ele circula e vive para evitar a disseminação dos esporos e reinfecções. Os itens podem ser higienizados com água e detergente neutro, além de desinfetantes de uso pet, como aqueles à base de amônia quaternária;
  • evitar o livre acesso do pet às ruas e a superpopulação de animais;
  • a castração pode prevenir e diminuir brigas decorrentes dos comportamentos territorialistas, consequentemente, diminuindo a transmissão de diversas doenças;
  • evitar banhos, natação e a umidade excessiva no ambiente no qual o pet vive.

Para evitar a contaminação do ser humano, é recomendado que o tutor leve o animal para consulta com o Médico-Veterinário caso identifique lesões de pele no pet. Além disso, as consultas de rotina também são essenciais para identificar problemas de forma precoce, evitando a evolução de diversas patologias, incluindo a dermatofitose.

Caso o proprietário identifique lesões em sua própria pele, o mesmo deverá buscar um médico dermatologista e informá-lo de que o seu animal está sob tratamento para dermatofitose. Assim, o médico poderá avaliar o caso e recomendar o tratamento adequado.

Atenção à alimentação

Além disso, uma alimentação balanceada e de qualidade, rica em todos os nutrientes essenciais para fortalecer o sistema imunológico dos animais é primordial. A ROYAL CANIN® oferece diversas opções de alimentos para fornecer nutrição sob medida para as necessidades específicas de cada animal, independentemente da raça, idade ou do estilo de vida.

Para os gatos da raça Persa, que estão entre os mais predispostos à dermatofitose, excelentes opções de alimentos secos são o Persa Kitten e o Persa Adult. As soluções nutricionais foram formuladas com nutrientes exclusivos e contêm ácidos graxos ômega 3 e ômega 6 que também auxiliam na manutenção da barreira cutânea, contribuindo para a saúde da pele e beleza da pelagem.

alimento para raças

Já para os cães também predispostos, há alimentos secos ideais para cada fase da vida, como por exemplo, o Yorkshire Terrier PuppyYorkshire Terrier Adult e Yorkshire Terrier 8+ . Eles são enriquecidos com ácidos graxos ômega 3 (EPA & DHA), ômega 6, óleo de borragem e biotina e também promovem a manutenção da saúde da pele e beleza da pelagem. Há também disponível a versão Yorkshire Terrier – Alimento Úmido.

alimentos para cães da raça Yorkshire

Essas e outras soluções alimentares levam ainda mais qualidade de vida, bem-estar e saúde aos pets.

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Referências bibliográficas

SOUZA, Caio Cezar Nogueira et al. Dermatofitose em cães e gatos: uma revisão e ocorrência no hospital veterinário da Universidade Federal da Amazônia. Scientific Electronic Archives, v. 15, n. 8, p. 51-56, 2022. Disponível em: https://sea.ufr.edu.br/SEA/article/view/1576. Acesso em: 30 ago. 2022.

LOPES, Camila Aparecida; DANTAS, Waleska de Melo Ferreira. Dermatofitose em cães e gatos – revisão de literatura. Anais VIII SIMPAC, v. 8, n. 1, p. 292-297, 2016. Disponível em: https://academico.univicosa.com.br/revista/index.php/RevistaSimpac/article/view/657. Acesso em: 30 ago. 2022.

AMORIM, Valtair. Dermatofitose por Microsporum canis em cães e gatos – diagnóstico e terapia medicamentosa: revisão de literatura. 2020, p. 6-39. Dissertação (UFRGS) – Especialização em Microbiologia Clínica – Instituto de Ciências Básicas da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2020. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/220597. Acesso em: 30 ago. 2022.

Fonte: Royal Canin.

Dr. Fabio Stevanato

Médico Veterinário, Empresário e Escritor - CEO e Autor ImpulsoVet.