De fato, um assunto frequente é com relação às questões de alergias e demais sensibilidades aos produtos lácteos. Com base nisso, nos últimos anos, novas pesquisas inovadoras foram desenvolvidas, inclusive com mapeamento genético das proteínas presentes no leite, o que nos leva ao conhecido leite A2.
Mas, afinal, você sabe o que realmente está envolvido na composição desse leite? Sabe o que isso significa para os consumidores e quais os requisitos para a produção desse leite?
Acompanhe o presente artigo e entenda detalhes sobre como certificar o seu rebanho para esse tipo de comércio, as vantagens e desvantagens, além do que é preciso para que a sua produção seja um sucesso frente aos desafios de mercado.
Continue acompanhando e fique por dentro de todos os detalhes do leite A2A2!
Afinal, o que é leite A2A2?
O leite A2A2 é produzido com base em bovinos selecionados com genótipos específicos para a beta-caseína A2. Conforme autores asseguram, há alta frequência no alelo A2 na pecuária brasileira, o que é considerada uma vantagem competitiva de mercado.
Esse fator presente em algumas vacas, pode ser determinado através de coleta de sangue e detalhamento genômico. Para vias de consumo, é um leite hipoalergênico, ou seja, que não gera reações inflamatórias, as quais atrapalham o processo digestivo.
Portanto, sua aceitação no mercado é ótima e os benefícios são identificáveis e comprovados.
O produto final, já é uma realidade no Brasil e está disponível nas prateleiras de fácil acesso. No mesmo sentido, os criadores já tem acesso a essa diferenciação de produto, podendo acessar nichos produtivos de maior potencial financeiro.
Para os consumidores, é uma alternativa segura e de qualidade, até mesmo certificada. Já do ponto de vista dos produtores e indústrias, o leite A2A2 agrega valor e contribui para o maior destaque no mercado.
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Vantagens e desvantagens do leite A2A2
Os criadores de gado leiteiro A2A2 têm uma grande vantagem competitiva no mercado de alimentos saudáveis, pois sua produção é mais valorizada, permitindo lucros mais elevados, além de compor um mercado promissor.
Contudo, como ponto frágil, destaca-se o alto investimento a ser realizado na implementação de um rebanho que produza o leite A2A2. Esse processo envolve um planejamento detalhado da genotipagem, fato que requer profissionais especializados no assunto.
Vale a pena destacar que, embora seja minucioso, o fato é que o retorno é garantido, sendo possível ter mais de 300% em dois anos.
Como certificar o rebanho para esse tipo de produção?
A certificação para o leite A2A2 foi desenvolvida para assegurar às propriedades rurais e indústrias a produção e comercialização do leite proveniente de vacas com o genótipo A2. Além disso, funciona também como uma forma de assegurar ao consumidor os benefícios e a qualidade do produto final, objetivando garantir que o produto não contenha a caseína A1 em sua composição.
Essa iniciativa vem sendo desenvolvida em parceria com empresas certificadoras e fundamentada em pesquisas realizadas por entidades brasileiras e estrangeiras autorizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para atuar no Sistema Brasileiro de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (SISBOV).
Por mais que esse movimento seja recente, existem rebanhos ao redor do mundo que já detêm leite com essa particularidade há cerca de 20 anos. Dessa forma, potencializar e valorizar os produtores que investem nesses rebanhos no Brasil é mais que necessário.
Certificação
O Organismo de Certificação de Produtos possui o aval do Inmetro e segue os princípios da ISO/IEC 17065 para garantir a certificação de produtos, processos, boas práticas na produção, reprodução e estabelecimentos armazenadores.
Com o intuito de facilitar o entendimento, confira os passos para a certificação:
1º passo
Realizar a genotipagem dos animais a fim de descobrir quais possuem o genótipo A2A2. No Brasil, você encontra diversos laboratórios que disponibilizam este teste com preços entre R$ 30,00 e R$ 70,00 por animal. Também é possível realizar esse teste a nível internacional, com grande facilidade.
É de suma importância contar com um laboratório de confiança que empregue uma técnica de genotipagem certificada pelo Inmetro para a investigação da beta-caseína, pois o resultado obtido será crucial para guiar todo o seu investimento.
2º passo
O próximo passo é estabelecer contato com a equipe da Integral Certificações e submeter o sistema de produção à avaliação. Não é obrigatório que os animais sejam todos A2A2, mas é necessário garantir a separação desses indivíduos para evitar que ocorra a mistura do leite no momento dos cruzamentos.
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Quais os requisitos para protocolar o seu rebanho?
A certificação é a única maneira legal de vender o leite A2A2 e seus derivados. Inclusive, há um processo legislativo em andamento pra aprovar embalagens que anunciem os benefícios que o esse tipo específico de leite pode trazer.
Além disso, com a certificação correta, há segurança técnica e jurídica em todos os processos, garantindo que não haja contaminação entre o leite das vacas A2A2 e A1.
Segundo estudos, estão discriminadas cerca de 13 variantes da beta-caseína (β-caseína) no leite, que são responsáveis por 30% do teor proteico total do leite de vaca, sendo que as variantes mais comumente isoladas são CSN-1 e CSN-2 com os alelos A1 ou A2.
Todas as fêmeas de mamíferos, inclusive humanas, cabras, búfalos, éguas e camelas geram apenas a β-caseína A2. Contudo, por uma mutação genética e cruzamentos aleatórios datada de cerca de 10 mil anos, algumas vacas passaram a fabricar a β-caseína A1. Dessa forma, atualmente já existe mapeamento de rebanhos inteiros com a presença de leite A2A2.
A frequência do alelo A2 é maior entre as raças taurinas, destacando-se a raça Jersey, que atinge um total de 75% dos animais com o alelo. Enquanto isso, as raças Holandesas e Pardo-Suiço já contam com probabilidade de cerca de 50% de apresentar o alelo A2.
Por outro lado, em raças Zebuínas, a ocorrência deste alelo é ainda maior. Pesquisas apontam que mais de 90% desses animais apresentam o genótipo A2A2. Nesse mérito, o gado Sindi, originário, vem sendo cada vez mais reconhecido por produzir exclusivamente esse tipo de leite.
Protocolo da seleção genética do animal
Esse é o principal requisito para protocolar o seu rebanho. A rapidez desse avanço dependerá, dentre outros fatores, de um manejo de melhoramento genético intenso com seleção e descarte monitorados e direcionados.
É essencial lembrar que a direção genética do rebanho deve se concentrar nos objetivos que ele se propõe a alcançar. Por isso, antes de começarmos a produzir leite A2A2, devemos nos questionar: o público compreende as vantagens do produto? Os consumidores estarão dispostos a pagar por ele? E, se sim, será o suficiente para escoar grandes volumes de produção?
É fundamental que sejam feitas considerações a respeito destes pontos antes de se tomar qualquer decisão relacionada à genética. Afinal, ela tem consequências permanentes sobre o rebanho.
Obtenha o selo leite A2A2
Para a obtenção do selo, seu rebanho deve ser atestado para a presença do alelo A2 e você deve contar com o apoio de uma empresa idônea de certificação. Sem dúvidas, esse passo é crucial para que seja possível a comercialização do leite A2A2 e seus derivados.
As embalagens com o selo “vacas A2A2” indicam que os itens contêm exclusivamente beta-caseína originada de animais com genótipo A2A2, conferindo maior facilidade à digestão e maior valor agregado ao produto.
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Produza de forma consciente
A certificação foi fundamental para a disponibilização de leite A2 para o consumo brasileiro.
Para que qualquer derivado de leite A2 seja mencionado nas embalagens, a informação deve ser corroborada por meio de documentos com validade jurídica, oferecendo garantias de autenticidade. Então, cabe ao produtor fazer um investimento considerável, visando atingir um público que está cada dia mais consciente e exigente.
Outro ponto fundamental sobre essa etapa burocrática é entender a necessidade de se enquadrar nos requisitos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para produção do leite A2A2.
Portanto, esse nicho de produção é realmente diferenciado e tem chamado a atenção dos órgãos de fiscalização que visam assegurar a segurança no consumo de produtos de alta qualidade.
Diante disso, é imprescindível que a genotipagem seja feita em laboratórios de confiança, garantindo-se alta precisão aos resultados para que o investimento seja realizado, bem como os planos de seleção e melhoria genética.
Entenda mais detalhes no vídeo que separamos:
Esperamos que o artigo tenha esclarecido as suas principais dúvidas sobre o tema que é uma verdadeira tendência para os próximos anos.
E então, gostou desse conteúdo? Complemente a leitura com o nosso artigo a respeito da raça Gir e sua aptidão leiteira. Boa leitura!
Fonte: MF Rural.