Mitos e verdades sobre a utilização de antibióticos em animais de fazenda.
Uma das razões dessa ameaça é o uso indiscriminado de antibióticos em animais de fazenda como artifício para promover o crescimento acelerado dos animais e para mascarar as más condições que os animais vivem.
Para entender mais sobre esse problema que afeta os animais, as pessoas e o planeta, confira alguns mitos e verdades sobre a utilização de antibióticos em animais de fazenda para a produção de carne:
– Na pecuária industrial intensiva, animais de fazenda recebem antibióticos na ração mesmo não estando doentes.
VERDADE. Os antibióticos têm sido utilizados por mais de 50 anos de forma indiscriminada na pecuária industrial intensiva com o objetivo de promover o crescimento e prevenir doenças no rebanho em animais de fazenda para produção de carne.
– Além dos antibióticos também são usados hormônios na pecuária industrial intensiva para os animais ganharem peso.
MITO. O uso de hormônios na pecuária para estimular o crescimento é proibido pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento). Além disso, o uso de hormônios seria inviável por conta da necessidade de injetar essas substâncias individualmente nos animais, visto que, se ingeridas misturadas à ração ou através da água, perderiam seu efeito. O crescimento acelerado dos animais de fazenda, principalmente frangos e suínos, deve-se à seleção genética dos animais. A cada ano são selecionados os “melhores” animais que conseguem acumular mais peso e que apresentam melhor performance.
– O uso indiscriminado de antibióticos em animais de fazenda causa resistência bacteriana aos antibióticos.
VERDADE. A utilização de antibióticos de maneira ampla e indiscriminada na pecuária industrial intensiva tem desencadeado o aumento no número de microrganismos resistentes. Essa utilização rotineira de antibióticos como promotores de crescimento e para prevenir doenças (profilática) contribui para a seleção de populações de bactérias resistentes aos antibióticos.
– Quando consumimos carne proveniente de sistemas industriais intensivos, estamos consumindo antibióticos.
MITO. A carne de animais abatidos em estabelecimentos sob Inspeção Federal passa por testes para controle de resíduos e contaminantes (Plano de Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes – PNCRC / Animal). Mesmo que o animal tenha recebido antibióticos durante toda sua criação, quando o período de carência específico de cada antibiótico é atendido, não haverá resíduo na carne. Por outro lado, se o período de carência não for atendido, no caso de animais abatidos em estabelecimento sem inspeção, podemos sim consumir resíduos de antibióticos. Porém, bactérias multirresistentes a antibióticos podem estar presentes na carne, como mostra um estudo que fizemos em 2018.
– Antibióticos são muito importantes na criação de animais de fazenda.
VERDADE. O uso responsável de antibióticos na produção animal é importante para melhorar a saúde dos animais quando há necessidade de um tratamento terapêutico específico contra uma infecção. Ou seja, quando o animal estiver doente e o tratamento indicado envolve uso de antibiótico, é indispensável a utilização do medicamento para manutenção da saúde e bem-estar animal.
– Animais de fazenda precisam de dosagens regulares de antibióticos para não adoecerem
MITO. O uso frequente de antibióticos na pecuária industrial intensiva tem servido como um paliativo para compensar e mascarar todas as falhas no bem-estar animal a que os animais estão expostos (desmame precoce, altas densidades, ausência de enriquecimento ambiental etc.). O recomendado é que o uso do medicamento seja feito apenas em real caso necessidade, como um tratamento específico contra uma infecção bacteriana. Ou seja, somente animais doentes devem receber antibióticos
– Animais criados em sistemas com altos níveis de bem-estar utilizam menos antibióticos.
VERDADE. Animais de produção em sistemas com níveis mais altos de bem-estar apresentam menos estresse, melhor imunidade e resiliência a doenças. Isso, por sua vez, reduz a necessidade do uso de antibióticos.
Fonte: Proteção Animal Mundial.