Você já deve ter ouvido falar que gatos são considerados vilões para mulheres grávidas por transmitirem a toxoplasmose e, assim, causarem riscos para o feto? Entenda a doença, suas formas de transmissão e quais os reais riscos.

A Toxoplasmose é uma doença causada por um protozoário intracelular obrigatório, o Toxoplasma gondii. Encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, ele pode se hospedar em humanos e outros animais. É uma das zoonoses mais comuns em todo o mundo.

Toxoplasmose e a relação com os gatos

Ter um gato não aumenta em nada as chances de infecção pela doença, além de ser a forma menos provável de contrair a Toxoplasmose.

Essa analogia ocorre devido ao fato de que os gatos e demais felídeos são os únicos que podem, efetivamente, transmitir o toxoplasma para outras espécies. Entretanto, para o gato contrair o toxoplasma ele deve, obrigatoriamente, ter acesso a carne de caça (roedores ou aves), ou receber carne crua de origem desconhecia em sua dieta. Após adquirir o parasita, o agente se replica no intestino do gato e é eliminado através das fezes. Isso acontece apenas uma vez, durante um período de cinco a sete dias, aproximadamente. Ou seja, a transmissão não é contínua. O agente eliminado via fecal se torna infectante de 24 a 46 horas exposto a temperatura ambiente.  A contaminação dos humanos ocorre pelo consumo de água contaminada pelas fezes e alimentos mal higienizados ou pouco cozidos. Portanto, se o gato se alimenta com ração, faz uso da caixa de areia e a limpeza é realizada diariamente, a chance de haver contaminação é praticamente nula.

Principais vias de transmissão da toxoplasmose:

– Via oral: através da alimentação com carne crua ou malpassada, carnes de origens desconhecidas e água contaminada;

– Congênita: transmitido de mãe para filho, durante a gestação.

Lembre-se: O contato dos humanos com os gatos não causa a doença. O perigo está na ingestão de água contaminada pelas fezes, além de alimentos mal lavados ou pouco cozidos.

Toxoplasmose e os riscos durante a gravidez

Geralmente, a maioria das pessoas infectadas pela primeira vez não apresentam sintomas, e, por isso, não necessitam de tratamentos específicos. Porém, quando a infecção é adquirida pela primeira vez durante a gestação, pode haver transmissão para o feto de forma transplacentária.

A toxoplasmose na gravidez é normalmente assintomática para a mulher, no entanto, pode representar grandes riscos para o bebê.

Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia, a toxoplasmose em fetos pode variar de assintomática à letal, dependendo de fatores não conhecidos e da idade do feto:

– Primeiro trimestre: é o período mais crítico, podendo ocasionar aborto espontâneo, nascimento prematuro, morte neonatal, ou sequelas severas no feto;

– Segundo trimestre: o bebê pode mostrar sinais de encefalite;

– Último trimestre: os problemas mais comuns incluem baixo peso, pneumonia, aumento no tamanho do fígado e icterícia.

O acompanhamento pré-natal adequado, que inclui pesquisa sorológica e orientações às gestantes susceptíveis, permite prevenção e tratamento precoce em caso de infecção.

Prevenção

As principais medidas de prevenção da toxoplasmose são através da educação em saúde e a manutenção da saúde dos gatos. Informações básicas, como as citadas no texto, previnem e orientam toda a população para os cuidados necessários.  Abaixo estão destacadas algumas medidas que podem contribuir para a prevenção e controle da toxoplasmose:

– Alimentar os gatos com alimentos seguros – as rações são ótimas opções, pois oferecem segurança alimentar aos pets;

– O cozimento de carnes em micro-ondas não é confiável para matar o protozoário;

– É importante congelar a carne a uma temperatura interna de -12º C;

– Higienizar completamente as mãos após o manuseio de carnes cruas ou frutos do mar, assim como a lavagem de tábuas de corte, pratos, bancadas e utensílios, que é de extrema importância para evitar a contaminação cruzada entre os alimentos;

– Evitar comer qualquer tipo de carne crua ou pouco cozida;

– Lavar corretamente verduras, frutas e legumes em água tratada. A lavagem adequada inclui a escovação dos alimentos;

– Consumir água filtrada ou fervida;

– Limpar as caixas d’água periodicamente;

– Não alimentar os gatos com carne crua ou malpassada;

– Limpar a caixa de areia dos gatos de estimação diariamente e higienizar bem as mãos após a prática. Se possível, utilizar luvas descartáveis para realizar a limpeza.

Vale ressaltar que é muito importante acompanhar a saúde do seu gato de perto, oferecer alimentos de qualidade, realizar exames periódicos e manter a vermifugação em dia para garantir que o pet e a família estarão sempre saudáveis.