O desafio de viajar com as Raças de cães braquicefálicas.

O desafio de viajar com as Raças de cães braquicefálicas.

Cães braquicefálicos são os famosos cães “de focinho chato”, recebem este
nome por apresentar um crânio em formato achatado e o focinho encurtado.
Essas raças requerem um pouco de cuidado e atenção extras, por causa de
suas necessidades de saúde. As raças barquicefálicas mais populares são:
Buldogues, Pugs. Boston Terrier, Shihtzu, Lhasa Apso, Boxer, Chow Chow,
além de outras semelhantes.
Em um levantamento recente, realizado por Kennels Clubes ao redor do
mundo, constatou-se que estas raças têm se tornado, anualmente, cada vez
mais populares. Para que se tenha uma ideia desta proporção, segundo o UK
Kennel Club, desde 2018, o Buldogue Frances ultrapassou a popularidade dos
Labradores, que detinham a preferência da maioria do público, desde 1988.
Quando nós, tutores de cães com estas características, somos confrontados
com a necessidade de uma viagem ou mudança nacional, ou internacional,
em que é imprescindível que os membros da nossa família também se
mudem, nos deparamos com a insegurança (dada a desinformação presente
hoje na internet) e dificuldades logísticas, para realização de tal
deslocamento.
No Brasil, atualmente, considerando a principal malha doméstica oferecida,
há severas restrições para o transporte de cães braquicefálicos. Gol e Azul,
por exemplo, não transportam quaisquer cães com estas características, nos
porões de suas aeronaves, somente em cabine (com algumas restrições de
tamanho e peso) enquanto que LATAM não aceitam Buldogues, Pugs e Boston
Terrier, porém aceitam as demais raças, desde que o tomador do serviço seja
membro da IPATA (International Pet and Animal Transportation Association)
e que respeitem as exigências pertinentes ao serviço oferecido: restrição de
tempo de voo, restrição de horários de partidas e chegadas, emissão do
certificado Fit to Fly, etc.
Sem contarmos com a possibilidade da viagem na cabine, em voos
internacionais, também nos deparamos com total restrição em viagem no
porão, como é o caso da Air Europa, American Airlines, Copa, Delta, Emirates,
Qatar, TAP, LATAM, Gol, Azul e Swiss. Restrição parcial (aceite de algumas
destas raças), como é o caso da Iberia, KLM, Air France e British Airways. E
sem restrição de raças: BoA, Lufthansa, Ethiopian, Taag e Avianca.
Sempre somos indagados quanto a segurança e riscos no transporte destes
cães. Após alguns estudos realizados por órgãos competentes, constataram
que há 5 (cinco) os fatores de risco, que devem ser considerados, para o
transporte de um cão braquicefálico:
1) BOAS (Brachycephalic Obstructive Airway Syndrome) – Síndrome
Braquicefálica Obstrutiva das Vias Aéreas, que condiz com as próprias
características físicas destas raças, que é sabido possuem dificuldades
respiratórias;
2) BSC (Body Score Condition) – Obesidade tem um efeito significativo
no controle da temperatura corporal do cão;
3) Temperamento e Comportamento;
4) Idade e Condições Médicas Pré-Existentes;
5) Outros fatores de riscos: tamanho da caixa de transporte, protocolo de
segurança no manuseio em solo (por parte da Cia. Aérea) e Sistema
de Controle de Temperatura da Aeronave – ECS (Environmental
Control Systems).
Em um dos últimos estudos realizados sobre o transporte de cães que
viajaram em porão, o HARC (Heathrow Animal Reception Centre) que
movimenta, anualmente, mais de 10.000 cães, entre 2012-2017, fez um
levantamento e constatou que 99,95% das viagens de animais
braquicefálicos não apresentaram quaisquer incidentes, demonstrando que
uma boa parceria entre tutores, veterinários, companhias aéreas e
embarcadores de pets (Pet Shippers), se necessária a contratação, é possível
sim, amenizar os riscos no transporte destas raças e a certeza de que o seu
cão chegará são e salvo no destino.

Marcos Zamai

Marcos Zamai

Administrador de Empresas / Comércio Exterior, Empresário e Sócio-Proprietário da Zoommpet, especialista no Transporte de Cargas Especiais (Carga Viva), IPATA (International Pet And Animal Transportation Association) Board of Director e Habilitação do LAR – Live Animal Regulation.