VACAS COM BOTAS.
O que há de novo nos tratamentos de casco bovino!
Você já imaginou uma vaca com botas! Pois é, esta é a mais nova tecnologia utilizada para o tratamento dos ferimentos do casco bovino, desenvolvida pelo Veterinário Mariliense Dr. Luciano Marega.
Por todo o mundo, tradicionalmente as universidades ensinam que para se tratar as lesões podais dos animais, deve-se proceder inicialmente ao debridamento da ferida e seguir com cuidados de enfermagem, diariamente, até a cura.
Trazendo esta teoria para a prática, significa conter os animais diariamente, segurar as suas patas e proceder a assepsia da ferida, será que esta rotina seria passível de implantação em nossas fazendas?
Para ilustrar as dificuldades de execução desta técnica na prática, podemos continuar com algumas perguntas: Quais sistemas de contenção temos disponíveis? Quantos animais temos para tratar, são mansos? A mão de obra disponível esta qualificada? Onde alojar os animais em tratamento? Pois é, na prática, estas são as dificuldades encontradas pelos produtores de todo o mundo e também pelos profissionais casqueadores que têm os resultados dos seus tratamentos influenciados pela eficiência da execução de um pós-operatório que será realizado por terceiros e na maioria das vezes, sem as condições mínimas de trabalho, ou seja, na prática são muitos os fatores desfavoráveis ao sucesso dos tratamentos.
Sentindo esta dificuldade “na pele” como profissional, foi que pensei em desenvolver um curativo de casco de longa durabilidade, que perdurasse proteger a ferida até a cura, que não exigisse substituições periódicas, que os resultados destes tratamentos não dependessem de obrigações de terceiros, que trouxessem facilidades aos produtores e seus funcionários.
Assim nasceram as “Botas para Vacas”, que consistem no envolvimento da área lesada com muitas camadas de ataduras de bandagem e cobertura com colas especiais, que penetram nas faixas e juntas, formam uma barreira de proteção contra o atrito do solo e dos ramos de capins, contra as moscas e a bicheira e contra as sujidades presentes no solo.
Os primeiros resultados chegaram no ano de 2000, fruto de uma tese de mestrado e demonstrou a capacidade de um curativo de casco perdurar por 20 dias, foi uma grande evolução e esta técnica vêm, desde então, sendo utilizada na rotina de muitos profissionais para o tratamento da Dermatite Digital Contagiosa dos Bovinos, por exemplo, com taxas de cura de mais de 90%, utilizando apenas um curativo de casco e apresentando baixos índices de recidivas, menos de 10%.
Mas continuamos evoluindo e aprimorando a técnica, haja visto a sua importância e os benefícios, atualmente, através da utilização de adesivos poliuretanos, estamos conseguindo que um curativo de casco perdure por 60 a 90 dias, protegendo com eficiência as lesões da pata dos bovinos com taxas de cura, mesmo das lesões severas e crônicas, de mais de 90%, utilizando apenas um curativo de casco e sem a utilização de antibiótico-terapia sistêmica, outro benefício, principalmente para o tratamento de vacas leiteiras, proporciona descarte zero de leite. Dentre os benefícios proporcionados podemos destacar que esta técnica elimina os cuidados pós-operatórios nos tratamentos das lesões de casco bovino e indiretamente todos os problemas citados anteriormente, facilitando a vida tanto do produtor como também do profissional casqueador. Através desta técnica, o profissional realiza a visita para o casqueamento e tratamento da lesão de casco e deixa como recomendação para o produtor, apenas a data para a retirada do curativo de casco e pronto.