Produtos agregam valor à criação de ovinos e caprinos.
Maioria dos animais é destinada ao abate para consumo da carne, mas pode-se extrair também leite, queijos, requeijão, manteiga, couro e lã.
Segundo o Centro de Inteligência e Mercados de Caprinos e Ovinos (CIM), o país produziu no ano de 2016 cerca de 253 mil toneladas de leite de cabra. A região Nordeste lidera, com cerca de 235 mil toneladas, seguida pelo Sul (aproximadamente 7 mil toneladas) e Sudeste (cerca de 4 mil toneladas). No mesmo período, a produção mundial foi de mais de 15 milhões de toneladas, sendo Índia, Sudão e Bangladesh os líderes no ranking.
Os animais são criados para diversas finalidades, havendo genótipos específicos para produção de carne, leite e pele no caso dos caprinos, e genótipos com potencial para carne, leite, pele e lã, com relação aos ovinos. “Cerca de 90% dos alunos estão interessados no abate para comercialização da carne”, nota Marcelo Piagentini, instrutor do curso do SENAR no Sindicato Rural de Avaré, no módulo de ovinos. Hoje, o mercado mais rentável da ovinocultura é o da carne, considerada nobre nos açougues e churrascarias.
Marcelo percebe aumento pela procura do curso nas últimas edições, em razão da adaptação desses animais em espaços pequenos. “No Estado de São Paulo, as propriedades rurais são cada vez menores. Mesmo quem tem uma pequena chácara, pode criar ovinos ou caprinos”, destaca. Os ruminantes têm grande resistência, alimentação flexível e necessitam de pouca água. Quando se compara com a bovinocultura, outra vantagem é o menor custo da produção: a quantidade de alimento consumida por um bovino de 450 kg é suficiente para alimentar de cinco a seis ovinos adultos.
Com o objetivo de orientar o produtor rural sobre a industrialização, o curso do SENAR inicia com os principais conceitos sobre ovinocaprinocultura, como a história e situação atual. No curso que trata da agregação de valor, são enfocados: o processo produtivo, o produto e a remodelação da atividade. Em seguida, o aluno conhece a diversidade de produtos: leite, leite em pó, leite aromatizado, queijos, requeijão, manteiga, fermentados, creme, caseína alimentar, carne, couro e fio de lã. Outros cursos enfocam a viabilidade do negócio, os sistemas e a forma de manejo dos animais. “No caso do abate, preconizamos o dos cordeiros, que são animais mais jovens e cuja carne tem mais aceitação. Utilizando um bom manejo, boa alimentação e nutrição, o criador terá carne de melhor qualidade, em um tempo menor. Vai agregar valor ao produto final”, ensina o instrutor do SENAR e médico veterinário Gustavo Ribeiro, que está lecionando em Mogi das Cruzes, para nove alunos.
“Eu não conheço nenhuma outra instituição que ofereça um curso tão completo quanto o do SENAR”, completa o instrutor. “Começamos em março, vamos terminar em novembro, ministrando na mesma propriedade, para a mesma turma. O curso se compara a uma pós-graduação, é muito completo tanto nas aulas teóricas quanto práticas”, analisa Gustavo.
Para o estudante de medicina veterinária, Lucas Ferreira, que participou das aulas de ovinocultura no curso promovido pelo SR de Avaré, “o aprendizado foi muito rico, principalmente na área de controle de doenças”. Responsável pelo cuidado de cerca de 500 animais, entre bovinos e ovinos, Lucas também nota o interesse crescente dos produtores no segmento. “Esses animais não demandam muito espaço e mesmo propriedades com valas ou barrancos podem servir como pastagens”, destaca.
Mercado
A profissionalização da cadeia produtiva é fundamental para que a produção seja economicamente viável e para que a atividade deixe de ser apenas uma cultura de subsistência. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos e pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos, Octávio de Morais, o consumo de leite de ovelha no Brasil ainda é baixo porque não há grande produção. Os produtos derivados de leite que mais saem nas prateleiras são os queijos, iogurte e doce de leite, direcionados sobretudo ao público da região Sudeste, líder no consumo. “Temos também importado muitos queijos de ovelha. Mesmo assim não há produto suficiente no mercado para atender à curiosidade do consumidor”, afirma Octávio.
A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária), divisão de Caprinos e Ovinos, tem um projeto que visa a divulgação de informações sobre a criação desses ruminantes leiteiros e o compartilhamento de descobertas técnico-científicas sobre os dois setores e suas oportunidades. “A iniciativa prevê ações entre estudantes de Medicina Veterinária e Zootecnia visando despertar o interesse dos futuros profissionais por estes sistemas de produção, pois a disciplina que trata de caprinos e ovinos geralmente é optativa nas grades curriculares”, diz a pesquisadora Izabel Carneiro.
Por: SENAR-SP.
Fonte: Comunicação do Sistema FAESP/SENAR-SP.