A proteína bruta (PB) contida nos alimentos consumidos por ruminantes, calculada como nitrogênio (N) x 6,25 (assume teor de N na proteína de 16%), contém N na forma proteica (aminoácidos unidos por meio de ligações peptídicas que formam uma molécula de proteína) e N na forma não proteica (NNP), representado por aminoácidos livres, peptídeos, ácidos nucleicos, amidas, aminas e amônia.
A PB contida nos alimentos dos ruminantes é composta por fração degradável no rúmen (PDR) e uma fração não-degradável no rúmen (PNDR). A degradação de proteína no rúmen ocorre pela ação de enzimas secretadas pelos microrganismos ruminais. Esses microrganismos degradam a fração PDR da PB para a síntese de proteína microbiana e multiplicação celular.
A célula microbiana contém em sua composição principalmente proteínas, mas também carboidratos, lipídios, minerais e vitaminas. Considera que a massa microbiana que passa para o intestino contém 62,5% de PB, 21% carboidratos, 12% lipídios e 4,4% de cinzas. Dentro da composição da proteína microbiana, 60% é proteína verdadeira disponível, 25% de proteína da parede celular não disponível e 15% de ácidos nucleicos.
Diversos fatores afetam a extensão da degradação da PB no rúmen, tais como composição química e física da PB, a atividade microbiana, o acesso microbiano a proteína, o tempo de retenção do alimento no rúmen, o pH ruminal, o processamento do alimento e a temperatura ambiente. A forma de armazenamento dos alimentos também pode ter grande efeito na degradabilidade da proteína. A ensilagem de forragens e grãos de cereais aumenta a degradabilidade da PB, em razão da proteólise no silo pela ação de microrganismos. Dessa maneira, grande parte da proteína verdadeira do alimento é convertida em NNP. Por outro lado, materiais ensilados sem compactação adequada podem sofrer superaquecimento e terem parte considerável da PB ligadas a fração FDA (Fibra em Detergente Ácido), tornando-se indisponível tanto no rúmen como no intestino.
O processamento de grãos ou de subprodutos com altas temperaturas (tostagem, peletização, extrusão, floculação etc), normalmente diminui a degradabilidade da PB, por causa da formação de complexos entre a proteína e carboidratos (reação de Maillard), e por causa do aumento da presença de pontes de dissulfeto. Essa técnica tem sido usada pela indústria de alimentação animal com o objetivo de diminuir a degradabilidade ruminal da proteína e de reduzir as perdas ruminais na forma de amônia. Temperatura adequada e tempo de exposição correto são fundamentais para aumentar o teor de PNDR sem prejudicar sua digestibilidade no intestino.
A proteína do farelo de soja e do farelo de algodão tem maior teor de PNDR que a proteína original, em virtude do tratamento com temperatura elevada durante a tostagem. O aumento da taxa de passagem, causado por aumento do consumo de matéria seca ou pelo processamento do alimento, diminui o tempo de retenção do alimento no rúmen e assim pode aumentar seu teor de PNDR.
Na formulação das rações Minercamda, em termos de adequação proteica, tem-se por objetivo suprir a quantidade adequada de PDR para maximizar a síntese microbiana e então complementá-la com PNDR, para suprir as exigências do bovino em proteína metabolizável. Além disso, para que a resposta seja maximizada, é importante que a fonte de PNDR seja de alta qualidade para que o perfil dos aminoácidos e da proteína metabolizável sejam adequados.
Vinicius Saraceni
Zootecnista – CAMDA
Fonte: CAMDA.