1860 – O ano em que o marketing veterinário parou.

1860 – O ano em que o marketing veterinário parou.

Em meados do século XVIII, em algum lugar na gélida e nebulosa Inglaterra se iniciava um dos movimentos mais importantes da história, a Revolução Industrial.

O início das grandes fábricas, o movimento fervilhante do dinheiro nas mãos da população, grande geração de empregos urbanos, tudo isso junto e misturado propiciou diversas novidades para a população. Mudança de hábitos de vida, de consumo, migração da população rural para os grandes centros. Tudo isso acontecendo junto com grandes descobertas tecnológicas, grandes máquinas nas fábricas, transformações nas relações de trabalho, dentre outras inúmeras novidades. O pioneirismo dos ingleses já havia sido provado na invenção da primeira máquina a vapor, desenvolvida e aperfeiçoada pelos ingleses.

Com o advento das máquinas e fábricas houve uma invasão de produtos no mercado, em grande escala e com isso houve uma queda dos preços e maior acesso da grande população a produtos que anteriormente só eram privilégios de pequenas castas. A industrialização trouxe também a padronização e com isso o principal diferencial dos produtos era o preço.

Para se ter lucro na época, devido a queda brusca dos preços, as grandes empresas buscavam reduzir custos a qualquer modo.

Isso te soou familiar em algum momento querido amigo veterinário?

Abundância de serviços, grande oferta de clínicas, consultórios, hospitais. Servindo consultas, vacinas e castrações como comodities. Lembrou mais alguma coisa?

Seguimos com a revolução industrial, no ano de 1839 sugiram os primeiros posteres colados nos postos como forma de propaganda. Os outdoors sugiram um pouco mais tarde no século XIX.

As primeiras centrais de telemarketing começaram a surgir em 1970, há 50 anos atrás já sabiam da importância em falar com o cliente, em oferecer os produtos antes dos concorrentes, em passar o valor do produto e não o preço.

A primeira chamada de celular ocorreu em 1973, quase 50 anos atrás, e não é exagero pensar no quanto isso mudou nossas vidas.

Na década de 80 começaram a surgir os primeiros computadores, outra revolução importantíssima, sem essa talvez vocês ainda estariam lendo esse artigo em algum periódico em papel ou talvez em algum poster colado no meu bairro, pois meus joelhos e coluna não iriam permitir que eu os fosse colar muito distante daqui. Em 1985 vieram os computadores pessoais, que para minha família serviam para jogar algum joguinho pixelizado ou para redigir textos.

Já na década de 90, autores com o Philip Kotler e outros, começaram a nomear e definir o “tal do marketing”, analisando e criando ferramentas que iriam mudar nossas vidas para sempre, conceitos que foram evoluindo depois. Conceitos com os 3P´s (praça, promoção e preço). Ferramentas essas que quando utilizadas corretamente e com uma boa dose de inovação transformam hábitos e formas de pensar de gerações.

Em 1992, veio o 2G nos celulares, onde já podíamos mandar recados por escrito para outras pessoas com celular, os famosos SMS, alguém aqui ainda usa esse tipo de mensagem para se comunicar com seus clientes? Não se envergonhem, podem assumir, lembretes de vacinas, retornos e outras coisas tão importantes de comunicação com nossos clientes feitas da mesma forma desde 30 anos atrás.

Ah, aí em 1994 veio o primeiro SPAM, que por definição é: o envio de mensagens por meios eletrônicos (e-mails), que NÃO FORAM solicitados, para oferecer ou vender algum produto ou serviço. Alguma clínica ainda manda e-mails para seus clientes para se comunicar. Alguém aqui já se preocupou com a LGPD (lei geral de proteção de dados), que promete aplicar multas altíssimas para quem NÃO AUTORIZOU aquela comunicação?

Vamos acelerar:

·        1999 – Primeiros blogs surgem na internet

·        2000 – 2004 – internet explode, surgem as redes sociais (LinkedIn, My Space, Facebook)

·        2004 – Surge o WIFI (alguém aqui ainda lembra como era a vida sem isso?)

·        2005 – O google lança a versão personalizada do Search Results

·        2007 – Vem o 3G nos celulares com a promessa de conseguirmos acessar a rede mundial com mais rapidez através dos nossos celulares

·        2010 – Surgem os Smart phones e pela primeira vez na história o uso da internet superou a televisão pelos jovens

·        2013 – A interatividade permite que os consumidores elevem às alturas o nome de determinada marca, ou que a destrua com poucos cliques

·        2015 – Grandes empresas começam a fazer uso da Big Data Analytics (algumas pessoas ou muitas ainda não sabem o que é isso)

·        2016 – Smart watches, wearables que rastreiam (de forma positiva) os indicadores de quem os usa. Quem não fica ligado no número de passos, atividade física e outros tantos indicadores que essas tecnologias maravilhosas nos dão

·        2017 – O mago do marketing Philip Kotler lança o Marketing 5.0, junto ao Iwan Setiawan, essencial ao sucesso como todos os numerais anteriores.

Após esse não tão breve resumo, acho que como diz meu amigo Carlos Larsson, um ícone da dermatologia que hoje assim posso chamá-lo, disse uma vez, talvez eu também tenha agenesia de síntese, mas vamos aos fatos e tentar na minha humilde vontade relacionar todos com a medicina veterinária.

Qual a atual situação do marketing na medicina veterinária?

Muitos médicos veterinários, gestores e até mesmo consultores insistem em chamar de marketing o que na minha opinião é apenas publicidade e propaganda. O marketing pela definição do próprio Kotler é o processo social e gerencial através do qual indivíduos e grupos obtêm aquilo de que necessitam e desejam por meio da criação e troca de produtos e valores. Na própria definição do mestre, em seu primeiro livro em 1993 já citava a gestão e a parte social que o marketing deve assumir em suas funções. Então porque quando pergunto para algum veterinário se ele trabalha o marketing dentro da sua empresa ele me responde muito feliz dizendo que sim, que tem uma agência que o faz. Quando vou analisar, estamos falando de uma agência que “cuida” das suas redes sociais e faz postagens (lembram dos posteres lá da revolução industrial em 1860?).

Como estamos tratando nossos serviços?

Estamos uniformizando e padronizando nossos serviços, passando preço e não valor, pasmem (contém ironia) pelo telefone!!!

Hoje todo indivíduo no Brasil sabe o que é uma consulta, uma vacina ou uma castração e a gente ainda insiste em simplificar ainda mais as coisas. “É só uma cirurgiazinha”, “É coisa rápida, vai pra casa no mesmo dia”, “A consulta é rápida, supertranquilo”, quem nunca ouviu essas frases saindo da boca dos veterinários?

E aí, eu como médico veterinário me permito, mas que ninguém mais fora da classe tente falar mal de algum veterinário, como nós somos preguiçosos e mal-acostumados. Conheço pouquíssimos veterinários com a veia comercial desenvolvida e quando vejo algum ele ainda é mal falado: “ah, mas fulano é mercantilista, só pensa em dinheiro”. Que atire a primeira pedra quem nunca falou ou pensou isso de um colega de sucesso, que cobra bem pelos seus serviços.

Quem chegou até aqui, quem buscou um artigo sobre gestão já está a muitos passos a frente de outros colegas. Quem aqui sabe precificar seus serviços, a consulta em um hospital não pode custar o mesmo que num consultório, bairros diferentes, públicos-alvo diferentes, estratégias comerciais diferentes, por que raios então insistimos em continuar na revolução industrial sem diferenciação nenhuma? Brigando por preço, diminuindo o colega e nivelando a medicina veterinária por baixo.

Está na hora de evoluirmos, vimos na nossa régua de evolução o quanto as coisas mudaram de 1860 para cá, então por que não acompanhar? Porque não investir no relacionamento com o cliente, na tão falada e pouco realizada “experiência do cliente”. Por que não comunicamos para nossos clientes o nosso valor ou invés do preço? Henry Ford sofreu com isso durante o “Fordismo” com a superlotação dos pátios da indústria e a indústria automobilista evoluiu com a hiper personalização dos carros e muita atenção na experiência do cliente.

Então amigo veterinário, está esperando o que?

Vamos juntos mudar essa realidade, quem não evoluir e começar a se diferenciar vai ser engolido pelo mercado e terá que cobrar cada vez mais barato e ter cada vez menos dinheiro. E na minha opinião dinheiro significa tempo, tempo com a família, para suas atividades de lazer ou que quer fazer com ele. Não se orgulhe de trabalhar 7 dias na semana e 365 dias no ano, plantão atrás de plantão.

Comece a pensar diferente e se valorize. Faça gestão, comigo, sozinho, com outros consultores ou empresas, mas faça. Gestão é vida e acompanhar seus dados não deveria ser uma opção, é nossa obrigação conhecer nossa empresa de cima a baixo. Se não começou ainda, corre que ainda dá tempo. Não entendeu que seu consultório, clínica ou hospital é uma empresa? A coisa tá um pouco mais grave, mas ainda dá também. Uma empresa deve apresentar resultado e gerar valor na vida de seu “dono”.

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Me segue lá no Instagram: @veterinarioconsultor. Comenta que veio por aqui e terás 30 minutos de mentoria gratuita comigo, prometo te ajudar a começar a mudar sua realidade. Meu nome é Felipe Consentini e essa é minha missão e propósito de vida.

Felipe Consentini.

Felipe Consentini

Médico veterinário, pós graduando, palestrante e consultor em Gestão empresarial, liderança no associativismo (AMVIP / FEVERESP) e atuante CRMV SP.