A Equitação é uma conversa onde o corpo fala e o cavalo responde.

A Equitação é uma conversa onde o corpo fala e o cavalo responde.

Sempre acreditei nisso. Para mim, a biomecânica e a equitação não são apenas ferramentas técnicas: são a base de um idioma silencioso que fala diretamente ao coração do cavalo.

Vejo a equitação como um idioma equestre. Um idioma que vai além de comandos e rédeas, que nasce no equilíbrio, na postura, na suavidade dos gestos. Cada movimento do nosso corpo é como uma palavra, cada mudança de ritmo é como uma frase. E, para que essa conversa flua, precisamos ter clareza de como usar essa linguagem.

Lembro bem de uma aluna que chegou até mim com a vontade de aprender, mas trazia o corpo preso e as mãos duras, sempre tentando “corrigir” o cavalo com força. Foi só quando ela começou a escutar o próprio corpo — a sentir o movimento do quadril, o balanço natural do trote, a leveza da respiração — que tudo mudou.
Ali, ela entendeu que não se tratava de mandar no cavalo, mas de conversar com ele. E, quando essa conversa começou a fazer sentido, o cavalo respondeu de forma surpreendente: mais solto, mais disposto, mais conectado.

Essa experiência me lembrou que a equitação não é sobre “fazer dar certo” à força, mas sobre criar harmonia. Quando o corpo do cavaleiro entende e respeita o movimento do cavalo, quando biomecânica e percepção se encontram, a comunicação se torna pura.
É aí que a equitação deixa de ser só técnica e vira arte. Um diálogo sutil, onde cada gesto conta — e onde o cavalo, finalmente, encontra alguém que fala a mesma língua.

Mayara Verde.

Mayara Verde

Fisioterapeuta, Instrutora de equitação, docente, palestrante, pós graduada (USP), Steward FEI nos Jogos Paraolímpicos 2016, CBH, licenciada ANDE Brasil, ministra cursos IMV, FP Hipismo e CP de Hipismo.