A importância da medicina veterinária frente aos impactos da imigração venezuelana em Roraima e no Brasil.

Desde o final de 2015, Roraima passou a ser o destino de venezuelanos que
fugiam da crise política, econômica e social daquele país. A situação se agravou e
migrantes chegavam no Brasil, sem perspectivas. Em 2018 centenas, moravam nas
ruas e milhares já encaravam a pé, rota de fuga para chegar a Boa Vista.
Esse intenso fluxo migratório gerou uma sobrecarga nos serviços públicos do
Estado, que consequentemente resultou na dificuldade de atender às necessidades
básicas para uma vida com dignidade de todos. Algumas escolas municipais atendem
exclusivamente crianças venezuelanas. Na maternidade do estado, “brasilianos”,
(filhos de refugiados), foram registrados com grande aumento. Dados da Secretaria de
Saúde de Roraima apontam que, em 2015, 760 venezuelanos foram atendidos na
rede pública de saúde. Três anos depois, esse número saltou para 15.055. (Como
complemento, indicamos o artigo de L. A. Barbosa; A. F. Gondim, S.M.E. Mineiro Torres
em https://doi.org/10.1590/Interface.190807)
Frentes sociais surgiram em vários segmentos da sociedade: Igrejas, ONGs,
voluntários etc. A Operação Acolhida – liderada pelo exército brasileiro, organizou-os
em “abrigos” na capital Boa Vista, entendendo que não mais se tratavam de
imigrantes, mas de refugiados de um regime político que gerava fome e miséria no
país vizinho. Ali recebem além do abrigo, três refeições diárias.
O fluxo de refugiados não cessa. Além daqueles que são cadastrados na
fronteira legal, muitos mais chegam ao Brasil por rotas alternativas, sem nenhum
registro.
O que se aguarda para frente? Mais impactos socias, principalmente no perfil
epidemiológico local, com aumento de surtos de doenças endêmicas como Dengue,
Zika, Malária e, possível reintrodução de doenças imuno previníveis, antes controladas
no Brasil como Sarampo, Hepatite B, Febre Amarela entre outras.
Nesse contexto, fica mais uma vez claro o papel fundamental da presença do
médico veterinário no contexto da saúde coletiva, mais especificamente na atenção
básica, medicina preventiva e no controle das zoonoses.
Estes fundamentos da atuação profissional da veterinária, ainda pouco
valorizados pelo poder público de todas as esferas de governo, são peças chave no
desenvolvimento de ações estratégicas em todos os estados federativos e prementes
para o enfrentamento qualitativo das ações em Saúde Pública.

Rodrigo Brasil.