A MEDICINA FELINA ALÉM DO ATENDIMENTO CLÍNICO
A medicina veterinária de pequenos e também de grandes animais está em
constante crescimento e transformação, e a medicina felina não é diferente
Nos últimos anos e principalmente também com a ocorrência da pandemia,
vemos um aumento mundial da população de gatos como animais de cia. O
número de adoções e aquisições de gatos no Brasil cresceu 30% nos 2 últimos
anos. Se continuarmos nesse ritmo, até 2030 o gato deve ser o pet mais
popular por aqui. Hoje vivem no país cerca de quase 24 milhões de gatos, e a
previsão é que esse número ultrapasse 30 milhões até final de 2022, segundo
o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
É sabido que em países de primeiro mundo, como EUA, Alemanha, França,
Suiça, a população de felinos já ultrapassou a de cães como pets de cia.
Grande parte das pessoas ao optar por um animal de estimação, veem no
gato, além da docilidade, um ser mais independente, autossuficiente (por
passarem maiores períodos sozinhos), se adaptam em locais menores
(verticalização de moradias), são menos exigentes em atividades externas
(caminhadas, parques) e são excessivamente higiênicos (dispensam cuidados
com banhos). Essas e tantas outras características se encaixam perfeitamente
no ritmo de vida tão corrida que levamos atualmente. Assim, o avanço da
medicina felina está crescendo exponencialmente, juntamente com a
conscientização da posse responsável, onde os tutores estão cada vez mais
exigente em relação aos cuidados dos médicos veterinários com os bichanos.
Tutores de felinos possuem uma característica pontual em sempre estar/ ficar
atentos a mínimos detalhes do animal, para garantir a saúde e o bem-estar do
mesmo. Ter um gato em casa, sob nossos cuidados, vai muito além do que
oferecer janelas teladas, água, comida, uma caixa de areia e alguns afagos no
decorrer do dia.
Assim como os cães, os gatos também necessitam de muitos cuidados e
muitas vezes, de uma maior atenção por parte dos tutores na perceptibilidade
de que algo não vai bem.
Um clínico geral, que faz o atendimento similar em cães e gatos, geralmente
não está preparado para compreender diversos detalhes. São organismos
muito diferentes e o que é regra para o cão, é exceção para o gato e isso leva
a muitas abordagens e tratamentos errôneos, gerando muita insatisfação dos
tutores e danos à saúde dos pacientes felinos.
Os felinos possuem particularidades tanto comportamentais, fisiológicas e
patológicas muito peculiares, que devem ser levadas em conta para a
realização de um bom atendimento aos olhos do médico veterinário, impondo
muitos desafios aos profissionais. Frente a isso, cresce a especialidade em
medicina felina. Somente o veterinário de felinos sabe como é desafiador lidar
com a espécie, além amar gatos (isso é fundamental). A medicina felina tem
que ser diferenciada e ir além da avaliação clínica geral. Além de se dedicar
especialmente a espécie, o veterinário precisa compreender bastante de
comportamento, suas necessidades alimentares, entender seu metabolismo
diferenciado, saber ações preventivas de manutenção e longevidade da saúde
e a sensibilidade de medicamentos para tratamento de doenças.
Os gatos costumam esconder muito bem os sinais clínicos de algumas
doenças, e quando alguns tutores percebem algo diferente, é porque o
problema já pode estar em quadro avançado. Frente a isso, as visitas
periódicas ao veterinário para o checkup anual são imprescindíveis e têm
como objetivo promover a prevenção e evitar surpresas futuras.
Muitos tutores apresentam dificuldades no ato de transportar seu gato ao
atendimento, seja em clinicas ou hospitais, e se sentem incomodados diante
da probabilidade de estressar o animal em retira-lo de seu ambiente/ território
e submete-lo a outro desconhecido. Alguns gatos sim, podem reagir
desconfortavelmente a todo esse processo, pois cada individuo e raças tem
personalidade distinta, mas isso não deve nunca ser uma justificativa para que
o mesmo não seja avaliado no mínimo, anualmente.
A atenção com o protocolo vacinal individualizado, exames periódicos, as
analises comportamentais, o tipo de alimentação, a atenção sobre o peso do
gato são pontos fundamentais para a qualidade de vida do animal.
Os especialistas em medicina felina baseiam-se sobretudo em um bom
histórico clínico (como todo excelente clinico veterinário deve fazer),
anamnese minuciosa e um exame físico detalhado uma vez que, no que diz
respeito à medicina de animais de companhia, os gatos ainda não recebem a
merecida atenção e dedicação em pesquisas e estudos científicos sobre
algumas patologias e quadros clínicos que apresentam, e também na
otimização da abordagem diagnostica quanto no tratamento eficaz.
Os profissionais e clinicas especializadas em medicina felina atualmente
adotam praticas exclusivas para o atendimento dos pacientes, como a
chamada Cat Friendly Practice®.
A prática Cat Fiendly (amigável para felinos) preconiza: o conforto ambiental e
o manejo ideal para o felino, respeitando sua personalidade,
redução de medo, enriquecimento ambiental, uso de difusores de
feromôrnios sintéticos felinos, uma aproximação de confiança com o animal e
também com o tutor, detecção precoce de alterações clínicas relevantes para
manutenção íntegra da saúde do paciente e redução de lesões ao tutor e aos
veterinários e sua equipe, eventualmente causadas pelo gato. Não só o
veterinário vai tratar o gato como soberano, mas toda a equipe e o ambiente
vão estar preparados para lidar com o paciente, assim minimizar ao máximo o
desconforto e estresse do tutor e do gato, pois sabemos que uma experiência
traumática é mais prejudicial à saúde do gato do que a falta de cuidados
veterinários, pois quando consultamos um felino estressado os resultados do
exame físico ate os testes laboratoriais podem
levar a diagnósticos equivocados e tratamentos desnecessários.
O atendimento especializado aumenta a expectativa de vida do gato, já que a
ida ao especialista não é considerada estressante, e o animal poderá ser
avaliado sempre que necessário com mínima interferência social possível.
Assim como em outros profissionais, seja a especialidade que exercer, temos a
obrigatoriedade de nos atualizar constantemente. O conhecimento científico
sobre a espécie felina é cada vez mais difundido (a nível mundial) através de
cursos, especializações, eventos e congressos voltados exclusivamente ao
estudo da espécie. E novamente, repetindo: gatos possuem particularidades e
necessidades específicas, e por isso o profissional de felinos tem de ficar
atento e estar muito capacitado para prestar atendimento personalizado e
individualizado a cada um destes pacientes, tendo a oportunidade de ensinar
aos tutores, as singularidades do universo felino e também de como lidar com
as mesmas, tanto durante a rotina clinica quanto em casa.
São inúmeras informações essenciais que fazem parte de um atendimento
especializado em felinos, que visa sempre o bem-estar do animal e seu dono.