Avifauna de Roraima possuí 57% das espécies da Amazônia.

Avifauna de Roraima possuí 57% das espécies da Amazônia.

Roraima é o estado mais setentrional do Brasil, ocupando uma área total de
225.116,10 Km² e pode ser dividido em três grandes formações vegetais, sejam elas:
Florestas, savanas e campinaranas, onde estão catalogadas mais de mil espécies de aves, que
representam 57% de todas as aves encontradas na Amazônia. Também se encontram na
região, as montanhas mais antigas do planeta, constituídas por grandes formações rochosas
com cume plano e paredes verticais, denominados como TEPUIS, sendo o mais conhecido, o
famoso Monte Roraima, que tem a seus pés um imenso relevo plano, de baixa a moderada
altitudes, que se estende até o Norte, na fronteira com a Guiana. Essa área, com centenas de
quilômetros de extensão, é coberta por belíssimos campos de gramíneas e ciperáceas
(plantas herbáceas), conhecidos como lavrados, topografia que corresponde à das savanas e
dos cerrados. A região contrasta radicalmente com o Sul e o Oeste do Estado, coberto por
pujante vegetação da Floresta Amazônica.
Aves exclusivas de Roraima
É nos lavrados de Roraima que está sua avifauna muito particular, com várias
espécies características e exclusivas. Aves como: Téu-Téu da-Savana (Burhinus bistriatus),
Uru-do-Campo (Colinus cristatus), chororó-do-rio-branco (Cercomarcra carbonária), joão-
barba-grisalha (Synallaxis kollari) e o Pedro-Celouro (Sturnella magna) estão bem presentes,
inclusive nas áreas urbanizadas da capital Boa Vista. Outras aves interessantes dos lavrados
incluem o Sabiá-da-Praia (Mimus gilvus), o Periquito-de-Bochecha-Parda (Aratinga pertinax) e
a Garrincha-dos-Lhanos (Campylorhynchus griseus). Como mencionado, os lavrados são
extensas planícies e nelas observamos, durante a estação chuvosa, (maio a dezembro) a
transformação das poucas depressões existentes em lagoas. A partir de janeiro, com o
termino do período das chuvas, “milhares de aves aquáticas, como Tuiuiús, Cabeças-Secas,
diversas espécies de Garças e Patos se aproveitam da secagem dessas lagoas para se fartarem
de pequenos peixes, invertebrados e plâncton, que nelas ficam concentrados. Em algumas
lagoas temporárias podem ser vistos mais de dois mil Irerês (Dendrocygna viduata) e
Marrecas-Caneleiras (Dendrocygna autumnalis)” – adaptado do texto Mundo das Aves, 2013: Dr. Luís
Fábio Silveira, doutor em Zoologia e curador das coleções ornitológicas Museu de Zoologia da USP.
Outra espécie exclusiva de Roraima é a Jandaia-Sol (Aratinga solstitialis), que pode
ser considerada a mais célebre moradora dos lavrados roraimenses. Ameaçada de extinção
essa ave foi intensamente traficada na década de 70, e hoje sobrevive em poucos lugares
dentro de áreas indígenas, muito embora ainda se observe algumas em áreas urbanizadas,
demostrando adaptabilidade incomum.

Rodrigo Brasil

Rodrigo Brasil

Médico veterinário, pós graduado, epidemiologista pela FIO Cruz, servidor público (Boa Vista - Roraima).