Brasil caminha para aumentar a exportação de peixes em 2023.
País busca mercados para diversificar embarques, hoje concentrados nos Estados Unidos que respondem por 81% das compras.
O Brasil deve aumentar as exportações de peixes em 2023, principalmente de tilápia inteira e filés congelados. A tilápia é hoje o peixe mais cultivado no país. As expectativas são otimistas, com base no que ocorreu em 2022. As exportações da piscicultura brasileira aumentaram 15% em faturamento, chegando a U$S 23,8 milhões. Foi o maior na história do setor. Os dados foram compilados pela Embrapa Pesca e Aquicultura, unidade localizada em (TO), em parceria com a PeixeBR (Associação Brasileira da Piscicultura), com base na Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
“O crescimento do setor é o resultado de uma maior profissionalização e um aumento da escala de produção das empresas, permitindo a entrada no mercado internacional que é bastante exigente em termos de qualidade e volume”, diz Manoel Xavier Pedroza Filho, pesquisador da Embrapa. “Ao mesmo tempo, o mercado interno tem apresentando períodos de estagnação no consumo de peixes, levando a uma queda na demanda e nos preços. Nesse contexto, a exportação surge como uma alternativa para o escoamento da produção, diminuindo a dependência das empresas de um só mercado.”
As empresas da cadeia do peixe preveem um aumento das exportações de produtos de tilápia congelados, em especial no segundo semestre. A perspectiva de reabertura do mercado europeu para o pescado brasileiro – fechado desde 2018 – deve contribuir para um aumento das exportações de produtos da piscicultura. Há, também, uma tendência de ampliação de abertura de novos mercados. Por exemplo, várias empresas exportadoras de tilápia já possuem certificação Halal, o que possibilita acessar diversos mercados de países árabes.
No ano passado, a tilápia foi o peixe mais vendido, dando um salto de 28% nas exportações em relação a 2021, totalizando US$ 23,2 milhões. Líder absoluto entre os países que importam peixes brasileiros, os Estados Unidos foram os responsáveis por 81% das vendas nacionais, seguidos do Canadá, com apenas 5%, Taiwan, Líbia e México. As exportações para os Estados Unidos aumentaram 43% no ano, atingindo US$ 19 milhões. Apesar de não ter havido embarques para a Líbia no quarto trimestre, o destino teve um aumento de 550% nas exportações no acumulado de 2022.
“A pauta de exportação da piscicultura para os Estados Unidos é concentrada nas categorias de peixes inteiros congelados, filés frescos ou refrigerados e filés congelados. Estes últimos com aumento de 80% nas exportações, o que reforça uma tendência verificada ao longo de 2021 de crescimento desta categoria”, diz Pedroza. Para o Canadá, o principal produto exportado também foram os peixes inteiros congelados, representando 79% (US$ 941 mil). Já para Taiwan (Formosa), a principal categoria foi dos subprodutos impróprios para alimentação humana (US$ 531 mil), a qual inclui itens como óleos, farinhas e escamas.
Entre os estados que mais exportaram produtos de piscicultura, o destaque foi para o Paraná, responsável por 58% do total exportado, com aumento de 114% em relação ao ano anterior. Na segunda posição aparece o Mato Grosso do Sul, com 18% do total, seguido pela Bahia, com 11%. Merece destaque São Paulo, com 127% de crescimento em relação a 2021.
Em relação aos preços da tilápia pagos ao produtor, desde o segundo semestre de 2022, eles têm se mantido em alta, como reflexo de uma redução dos povoamentos em meses anteriores, segundo dados do Cepea/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo.
A piscicultura no Brasil, embora tenha um enorme potencial, é uma atividade com menos de uma década de existência e enfrenta diversos gargalos importantes, tais como a alta dos custos de produção, a elevada burocracia nos processos de licenciamento ambiental e a necessidade de tecnologias para a produção de espécies nativas.
Mas, para Pedroza, o setor produtivo aos poucos está se estruturando. “Além disso, a Embrapa é uma das instituições que têm desenvolvido pesquisas para minimizar os gargalos tecnológicos, por meio de ações como a Plataforma Aquaplus (análise genética), tecnologias para melhoria de qualidade de rações, melhoramento genético de espécies nativas e plataformas digitais de inteligência para a aquicultura como CIAqui e o SITE Aquicultura”, aponta.
O Brasil é um dos países que possui o maior potencial para crescimento da piscicultura em águas continentais em todo o mundo. Isso se deve não apenas ao fato de possuir a maior reserva de água doce mundial, mas também devido à grande oferta de grãos para produção de ração e a existência de uma cadeia produtiva já bem estruturada.
Empresas que atuam há décadas em outros setores de proteína animal – tais como frangos e suínos – estão investindo na cadeia da tilápia, como forma de diversificar seus investimentos. Na região oeste do Paraná algumas cooperativas agrícolas já são grandes produtoras de tilápia, operando no mesmo sistema de integração vertical utilizado para a produção de frangos. Aliado a uma produção já consolidada, existe uma perspectiva de crescimento da demanda, tanto no mercado interno como externo. (Com Embrapa)
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Fonte: Forbes.