Carrapatos no rebanho da noite para o dia! Será que é possível?
Este é um relato comum em muitas propriedades, o gado dormiu no curral e no outro dia estava cheio de carrapatos, mas vamos entender quando começou essa história e como realizar o controle imediatamente.
Curiosidades sobre os carrapatos:
Na verdade, os carrapatos que parasitam os bovinos não estão somente nos animais, também estão nos pastos e podem ser muito pequenos. Uma carrapata fêmea, “gorda”, depois de se alimentar do sangue dos animais (ingurgitar), se soltam do couro dos animais, e nos pastos são capazes de “botar” (postura ou oviposição) mais de 2.000 ovos antes de morrerem naturalmente. Ao longo do ano, nas épocas mais quentes e chuvosas, os carrapatos encontram as condições ideais para parasitar os animais, se reproduzirem e infestar as pastagens. Regiões onde o clima é mais favorável as infestações são mais rápidas e há um maior número de gerações durante o ano. Regiões com seca prolongada e forte radiação solar, o número de gerações é mais reduzido.
Os carrapatos NÃO surgem nas fazendas ou nos animais de um dia para o outro, as gerações vão se acumulando na reprodução e o número de carrapatos vai aumentando rapidamente. Os ovos podem permanecer viáveis por vários meses nas pastagens, as larvas quando eclodem também podem se abrigar no capim por vários meses e ficam agrupadas na ponta do capim (fase de vida livre no ambiente) à espera de um animal passar para subir. Curiosamente, mesmo quando um pasto está alagado pelo excesso de chuvas, as larvas podem ficar mais de duas semanas debaixo d’água.
Quando as larvas sobem nos animais (fase parasitária: 21 a 28 dias de duração) e trocam de “pele” (muda ou ecdise), algumas vezes para poderem crescer, após duas semanas, começam a se alimentar mais com o sangue e podem se reproduzir. Um macho pode acasalar com cerca de 10 fêmeas, e na terceira semana, as fêmeas podem sugar o máximo de sangue (ingurgitar) em apenas 2 dias, período em que muitas pessoas dizem que os carrapatos apareceram de um dia para o outro, e agora você sabe que não é verdade.
Vamos aprender a controlar os carrapatos do rebanho?
Na maioria das vezes, o controle dos carrapatos é realizado nos animais utilizando carrapaticidas, mas o ambiente continua infestado. A fase de vida livre (infestação ambiental), apresenta duração de vários meses e com um número exponencialmente maior de larvas que na fase parasitária dos animais, onde ficam apenas algumas semanas. Então, para controlar os carrapatos do rebanho, precisamos entender que durante o período de controle com carrapaticidas nos animais, novos carrapatos que já estão nos pastos continuarão subindo nos animais durante vários meses. Por isso o controle deve ocorrer com várias aplicações (protocolo de controle) com o objetivo de reduzir a carga de parasitas do ambiente e não permitir que os animais sejam os repositores de fêmeas com ovos para o ambiente. Por isso é importante um programa de controle com protocolos de tratamentos conforme o grau de infestação da propriedade e do rebanho. Os animais de sangue doce são verdadeiros mantenedores das infestação, eles representam em média apenas 15% do rebanho, mas dramaticamente são capazes de conter mais de 70% dos carrapatos do rebanho.
Agora que você já sabe que os carrapatos não aparecem do dia para a noite, quais carrapaticidas podemos utilizar para o controle desse parasita?
Podemos utilizar carrapaticidas de contato ou sistêmicos. Os sistêmicos podem ser “inibidores de crescimento e reprodução” (inibidores de quitina) e os endectocidas.
- Carrapaticidas de contato: Colosso FC 30, Colosso Pulverização, Nokalt e Colosso Pour On. Estes produtos, após a aplicação, agem em contato com o carrapato, causando paralisia e morte
- Carrapaticidas sistêmicos inibidores de quitina e reprodução:Fluatac Duo e Superhion. Após a aplicação pela via pour on, são absorvidos na pele dos animais e atingem os carrapatos através do sangue do qual se alimentam
- Carrapaticidas sistêmicos endectocidas:Master LP, Evol e Produce, após aplicados nos animais, agem de modo sistêmico, atingem os carrapatos que se alimentam do sangue. São auxiliares no protocolo de controle, causando paralisia dos carrapatos
A melhor maneira de realizar o controle é identificar o grau de infestação e escolher o protocolo mais apropriado e proporcional ao desafio atual e histórico da propriedade nos anos anteriores:
- Baixa infestação: a distância os animais aparentam estar limpos, de modo geral, não notamos animais com carrapatas gordas, mas sabemos que há larvas nos animais e nos pastos;
- Média infestação: a maioria dos animais apresentam algumas carrapatas ingurgitadas de sangue (10 a 20 carrapatas grandes), sabemos que há larvas nos animais e nos pastos;
- Alta Infestação: há muitos animais de sangue doce com muitas carrapatas ingurgitadas de sangue (mais de 20 carrapatas grandes), há muitas larvas nos pastos e nos animais. É possível notar carrapatas grandes nas orelhas, cabeça ou ânus de alguns animais.
Dicas valiosas para o controle eficaz:
- Animais de sague doce: devemos manter vigilância e controle constante destes animais com tratamentos antecipados
- Jamais esperar a infestação tomar conta do rebanho para iniciar os tratamentos de controle
- Protocolo de controle: É urgente e necessária adoção de protocolos de controle com repetições de tratamentos conforme o grau de infestação
- Alternância de bases: é mais eficiente e produtivo estabelecer um protocolo de controle alternando bases químicas.
Fonte: Ourofino Saúde Animal.