Os cascudos são peixes muito apreciados por aquaristas em todo o mundo, possuindo grande variedade de espécies com características bastante distintas. São conhecidos por sua capacidade de limpar o ambiente, alimentando-se de algas e resíduos que se encontram no fundo do aquário.
No entanto, para a sua criação, é fundamental compreender algumas de suas necessidades e comportamentos específicos. Desde a escolha do substrato até a alimentação adequada, cada aspecto desempenha um papel crucial na criação bem-sucedida desses animais.
Neste artigo, abordaremos uma série de tópicos essenciais relacionados aos cascudos, desde sua origem até detalhes sobre suas características, comportamento, diferentes tipos e os cuidados necessários para sua criação em aquário. Boa leitura!
Aspectos gerais do peixe cascudo
O cascudo pertence à família Loricariidae que possui cerca de 600 espécies de peixes distribuídas em 70 gêneros. Trata-se da segunda família com maior número de espécies no Brasil, sendo que a maior é a dos lambaris.
Muito difundidos em aquários de todo o mundo, os cascudos se destacam por sua aparência, bem como pela facilidade de criação. São cerca de 200 espécies, a maioria originária da América do Sul e algumas da América Central.
Características do cascudo
São peixes que possuem um visual marcante, com placas ósseas revestindo todo o corpo, cabeça avantajada, olhos pequenos ao topo e uma boca em forma de ventosa localizada na face ventral do animal. Com alto poder de sucção, geralmente conseguem ficar grudados em rochas ou troncos por bastante tempo, além de possuir capacidade de revirar o substrato em busca de comida.
O cascudo apresenta diversas variações de cores, tamanhos e padrões de manchas pelo corpo. Devido à grande variedade de espécies, além de diferenciados pelo nome, também implantou-se um sistema de identificação que envolve a letra L ou LDA e um número. Por exemplo, identifica-se o cascudo zebra como L046 Zebra.
Apresentam, ainda, grande capacidade de adaptação aos ambientes. São peixes de água doce que variam de tamanho a depender da espécie, podendo atingir desde 10 cm até 50 cm, quando adultos.
Um detalhe interessante a respeito dos cascudos é a sua respiração. Além da respiração branquial, ele também apresenta respiração acessória realizada por meio de trocas gasosas no estômago, característica partilhada por outros grupos de loricariideos e também de calictídeos. Essa função permite-os sobreviver em situações de hipóxia.
Comportamento do cascudo
O cascudo possui hábitos noturnos, ou seja, são ativos durante a noite e descansam durante o dia. Além disso, são peixes de fundo e solitários, ficando escondidos em locais mais reservados.
São conhecidos como “limpa-vidros” devido ao seu hábito alimentar. Enquanto se deslocam, costumam consumir algas e restos orgânicos que ficam depositados ao fundo do aquário, aderindo às paredes pela sua boca e “limpando” as algas ali presentes. Tanto no aquário quanto nos rios, contribuem para a ciclagem dos nutrientes do meio.
Dependendo da espécie ou mesmo das condições do aquário, os cascudos podem apresentar temperamento pacífico ou semi-agressivo, perseguindo ou agredindo peixes da mesma espécie ou de tamanho/formato semelhante. O cascudo já nasce com a forma e comportamento similares aos dos peixes adultos.
Um dos detalhes que chama a atenção com relação ao comportamento do cascudo é o seu cuidado parental. As fêmeas colocam ovos, geralmente em quantidade menor em comparação a outros peixes, depositando-os em pedras sob as águas. Tanto o macho quanto a fêmea cuidam dos ovos até o momento do nascimento dos filhotes. Esse comportamento parental contribui para a sobrevivência de um número maior de filhotes.
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Principais tipos de cascudo
O cascudo é um dos peixes mais difundidos em aquários pelo mundo, tendo em vista a sua aparência diferenciada e facilidade de criação. Confira algumas das espécies mais conhecidas.
Cascudo Comum (Hypostomus plecostomus)
Espécie originária da América do Sul. No Brasil, é mais encontrada na Caatinga do Nordeste e Drenagens Costeiras. Chega a medir até 50 cm e apresenta corpo marrom com manchas escuras evidentes e íris escura com detalhe no centro.
Cascudo Zebra Imperial (Hypancistrus zebra)
São peixes de pequeno porte (aproximadamente 15 cm), com coloração diferenciada que inspira o nome. São endêmicos do Rio Xingu, no Pará. De acordo com o ICMBio, a espécie é atualmente classificada como criticamente ameaçada de extinção.
Em 2015, foram doados alguns exemplares da espécie que haviam sido apreendidos no comércio ilegal para a realização de pesquisas pelo Lampoa (Laboratório Múltiplo para Produção de Organismos Aquáticos). Apesar da escassez de estudos sobre a espécie, desenvolveu-se um projeto de pesquisa entre os anos de 2016 e 2019 que contribuiu para compreender a reprodução e o desenvolvimento desses peixes em laboratório.
Em 2021, os exemplares reproduziram-se naturalmente na Universidade Federal do Oeste do Pará. Após a criação de condições propícias em laboratório, o aquário, que contava com cerca de 20 cascudos zebra, viu a adição de novos 10 alevinos. O sucesso na reprodução abre caminho para futuras pesquisas visando a preservação da espécie.
Cascudo Panaque ou Panaque Royal (Panaque nigrolineatus)
Assemelha-se ao cascudo comum no tamanho, podendo atingir até 50 cm. Uma de suas características é a exigência de madeira na sua alimentação. O ideal é que o aquário possua troncos para que a espécie possa se alimentar, além da complementação com rações.
Cascudo Chicote (Rineloricaria eigenmanni)
São peixes pequenos, tendo em média 10 a 15 cm quando adultos, e apresentam temperamento pacífico. No entanto, podem tornar-se agressivos com outros da mesma família. Tendem a ficar escondidos em troncos ou locais escuros, demonstrando seu comportamento tímido.
Cascudo Abacaxi (Pterygoplichthys pardalis)
O cascudo abacaxi é uma espécie de peixe que atinge um tamanho considerável, demandando aquários maiores, geralmente associados a peixes maiores como o Jumbo. Caracterizado por manchas ou listras amarelas semelhantes à casca de abacaxi, os exemplares adultos alcançam cerca de 40 cm de comprimento. Embora seja pacífico com outras espécies, pode mostrar comportamento territorial em interações com outros cascudos.
Cascudo-pantera (Eurycheilichthys pantherinus)
O cascudo-pantera ganhou seu nome devido ao corpo coberto por pequenas manchas, semelhante às onças. Estes peixes têm tamanho reduzido, atingindo até 5 cm.
Cascudo-espinhudo (Pareiorhaphis hystrix)
O cascudo-espinhudo é denominado assim devido ao desenvolvimento de longos espinhos nas laterais da cabeça dos machos, o que possibilita uma identificação clara. As fêmeas, por sua vez, apresentam espinhos curtos nas mesmas áreas da cabeça. Estes espinhos desempenham a função de defesa dos territórios de alimentação ou reprodução das rochas submersas, principalmente para os machos.
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Alimentação dos cascudos
De modo geral, os cascudos são peixes onívoros, no entanto cada espécie pode apresentar preferências distintas. Algumas têm uma dieta mais voltada para animais, enquanto outras preferem vegetais ou até mesmo madeira. Apesar de serem considerados “faxineiros” de aquários, é errado pensar que todos os cascudos alimentam-se apenas de algas e resíduos encontrados ao fundo do aquário.
Os cascudos ornamentais, como é o caso do Cascudo abacaxi (Pterygoplichthys pardalis), por exemplo, apreciam rações e outros tipos de alimentos, tais como frutas e verduras. Já os do gênero Hypostomus alimentam-se de detritos lenhosos submersos, sedimentos, algas, perifíton e madeira, sendo capazes de extrair nutrientes de ambientes considerados desafiadores para outros peixes da família loricariídea.
O Cascudo Panaque (Panaque nigrolineatus), conforme já mencionamos, alimenta-se também de madeira e de ração.
Quanto à dieta do Cascudo-pantera (Eurycheilichthys pantherinus), esta inclui larvas de borrachudos, moscas, mosquitos e efeméridas encontradas nas pedras sob a água. O Cascudo-espinhudo (Pareiorhaphis hystrix), por sua vez, alimenta-se de algas microscópicas e detritos ao raspar as pedras com a ajuda de pequenos dentes.
Como criar cascudos em aquário?
O primeiro detalhe importante é o espaço disponível no aquário. Conforme abordamos, cada espécie de cascudo apresentará um tamanho diferente, variando de 50 cm a até mesmo menos de 10 cm. Costuma-se utilizar a seguinte regra: a cada 1 cm de peixe é necessário 1 litro de água.
É importante ter em mente que ao adquirir um cascudo comum, ele inicialmente virá em tamanho reduzido. Portanto, é fundamental investir em um aquário de maiores dimensões para garantir o seu desenvolvimento. Dessa maneira, eles terão a oportunidade de alcançar todo o seu tamanho e potencial. Além disso, é válido ressaltar que esses animais não só apreciam, mas necessitam de espaço. Então, quanto mais espaço disponível, melhor o seu desenvolvimento.
Outro ponto importante é o substrato. Dê preferência à areia fina. Embora também possam se adaptar ao cascalho, a areia fina é mais suave e apresenta um menor risco de provocar ferimentos. Considerando que esses peixes passam a maior parte do tempo no fundo do aquário, a escolha adequada do substrato desempenha um papel crucial.
Os cascudos comuns são animais solitários e gostam de se esconder em cavernas, debaixo de troncos e entre pedras. Por apresentarem hábitos noturnos, eles costumam buscar abrigos sombreados para descansar durante o dia. Cavernas construídas a partir de pedras ou troncos não apenas reduzem a intensidade da luz, mas também conferem proteção aos cascudos contra a interferência de outros peixes. Portanto, é essencial que o aquário contenha elementos para garantir o bem-estar do seu cascudo.
Outras dicas importantes:
- Desligue as luzes do aquário durante a noite: lembre-se de que esses peixes possuem hábitos noturnos, portanto, é essencial assegurar a ausência de iluminação durante esse período;
- Utilize um bom filtro: devido à sua constante alimentação, os cascudos produzem uma quantidade considerável de resíduos, sendo necessário um bom filtro para realizar a limpeza do ambiente;
- Realize trocas semanais de água: com o intuito de prevenir doenças, uma vez que muitas delas estão relacionadas à má qualidade da água, faça trocas de 30% da água do aquário semanalmente, visando auxiliar o sistema de filtragem;
- Condições ideais do aquário: a maior parte das espécies de cascudo preferem águas ácidas e moles, sendo estas as condições ideias para o seu desenvolvimento. Consulte um especialista para verificar a dureza e o pH da água e selecione uma fauna adequada à essas condições;
- Convívio com outros peixes: enquanto jovens, os cascudos comuns tendem a ser pacíficos, porém, na fase adulta, podem se tornar territorialistas. Prefira peixes de temperamento tranquilo ou semi-agressivo, desde que possuam tamanho semelhante ou inferior. Se optar por adicionar outros cascudos, assegure-se de que o tamanho do aquário seja adequado para permitir uma convivência harmônica;
- Alimentação: pesquise bem a espécie que você pretende criar. Conforme abordamos anteriormente, existem espécies de cascudos onívoros, carnívoros e herbívoros. Por isso, é importante atentar-se a esse aspecto para garantir o seu desenvolvimento adequado.
Por fim, confira o vídeo que separamos com os principais erros cometidos por aquaristas na criação de cascudos:
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Fonte: MF Rural.