ENTENDA A LEUCEMIA QUE ATINGE OS PETS.

A leucemia é um tipo de câncer que atinge a medula óssea e ocasiona a proliferação descontrolada de células. Embora seja uma doença bastante conhecida por afetar humanos de maneira agressiva, a leucemia não é restrita, sendo capaz de atingir animais presentes no nosso dia-a-dia, especialmente cães e gatos.
Há vários tipos de leucemia que atingem cães e gatos. O professor Paulo Ricardo de Oliveira Paes, do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias (DCCV) da Escola de Veterinária da UFMG, explica: “As leucemias de animais e humanos são basicamente as mesmas, mas ocorrem com uma maior frequência em humanos do que em cães ou gatos. O que ocorre na leucemia é uma multiplicação anormal de células sem qualquer estímulo. Existem tipos de leucemias mais ou menos agressivas que acometem cães e gatos. Caso seja identificado um tipo leucêmico de baixa agressividade, o animal pode sobreviver por vários anos, se for acompanhado com cuidado. Contudo, há um tipo de leucemia extremamente agressiva, na qual o animal possui baixa expectativa de vida após a descoberta da doença, de aproximadamente um mês de vida.”
Em função da variedade de leucemias, torna-se difícil detectar os sintomas. Os sintomas nos pets podem ser considerados inespecíficos. Entretanto, os mais comuns são anemia, sangramento nasal, sangramento urinário, sangramento nas fezes, crescimento do fígado, pequenas hemorragias pelo corpo e, por fim, crescimento da barriga ocasionando em barriga d’água.
As células tumorais da leucemia podem ser encontradas apenas na medula óssea, ou tanto na medula quanto no sangue. Em função disso, realizar o diagnóstico da doença se torna uma tarefa complexa. No caso do tumor em ambos os locais, a doença pode ser detectada por meio de um hemograma e posteriormente confirmada por meio do mielograma, que examina a medula óssea. Mas, se for uma leucemia com células tumorais apenas na medula, o hemograma não é tão eficiente, pois as alterações no sangue são sutis. Nestes casos, quando há suspeita, recomenda-se realizar um mielograma.
A taxa de animais leucêmicos varia. A doença acomete os adultos tanto em gatos quando em cachorros. Entretanto, há um fator adicional que faz com que os gatos sejam mais suscetíveis à leucemia: são os vírus da FIV (Imunodeficiência felina ou Aids felina) e FELV (leucemia felina).
Os vírus da FIV (Aids felina) e da FELV (leucemia felina) provocam uma mutação genética no gato. O gatilho para essa mutação pode ser fatores internos ou externos ao animal. Por consequência, essa célula começa a se multiplicar de forma anormal, ocasionando casos de leucemia e tumores por todo o corpo do animal, acometendo o sistema de defesa do felino.
A contração da FIV pode ser por meio de troca de sangue entre felinos, com contaminação entre mãe e filhote pelo parto ou amamentação. Já o vírus da FELV é contraído através da troca de secreções entre gatos, também via contaminação entre mãe e filhote. Tanto FIV quanto FELV não são transmitidas para os humanos e é possível vacinar o felino em ambos os casos.
“A vacina de FELV já existe no mercado e é usada em alguns animais. Mas ela não é considerada imprescindível. Já a vacina da FIV é considerada, por muitos, desnecessária, pois ela não vai impedir a doença. Apesar disso, a vacinação de FELV e FIV ficam a critério do Médico Veterinário e estará de acordo com o tipo de vida do animal em questão.”, afirma Rubens Antônio Carneiro, também professor do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias (DCCV) da Escola de Veterinária da UFMG.
No geral, o tratamento das leucemias é por meio de quimioterápicos, entretanto o tratamento adequado varia com o tipo de leucemia. Diferentemente da medicina humana, para a medicina veterinária, o objetivo não é a cura, mas sim a qualidade de vida dos animais. O animal passa por um período de tratamento e quando ele está em remissão é controlado por cerca de um ano. Após isso, é preciso fazer um controle para toda vida pra que a doença não volte. Controla-se por exames de seis em seis meses. Por isso o diagnóstico precoce é de extrema importância para o tratamento.
“A leucemia é uma doença delicada, não possuindo cura como qualquer outro câncer e, por não haver uma prevenção, o ideal é realizar um diagnóstico precoce. Isso pode ser feito levando o animal regularmente ao médico veterinário, buscando manter as vacinas e exames em dia. Além disso, outra forma de prevenir é oferecendo bem estar animal, ou seja, alimentação e sono saudáveis, evitar exposição ao sol em determinados horários, evitar também exposição à fumaça, por exemplo, de cigarros, e ficar atento a alguns medicamentos que são dados para os pets, analisando se estes são cancerígenos. Em geral, é preciso ter atenção e oferecer bem estar animal no geral”, finaliza o professor Rubens.
Fonte: Escola de Veterinária – Universidade Federal de Minas Gerais.