Novo relatório expõe como a pecuária industrial intensiva está impulsionando a crise climática.
Um novo estudo encomendado pela Proteção Animal Mundial revela o verdadeiro impacto da pecuária industrial intensiva em nosso planeta.
O relatório “Mudança climática e crueldade animal”, que analisa o ciclo de vida do carbono, avalia os impactos ambientais atribuídos à produção em larga escala de carne de suínos e frangos para o consumo humano em quatro dos maiores focos de produção do mundo – Brasil, China, Europa (usando dados da Holanda) e Estados Unidos.
Os resultados demonstram que a expansão agropecuária contínua coloca em risco o cumprimento das metas do Acordo Climático de Paris e um futuro seguro para o clima.
Para se ter uma ideia, a análise conclui que as emissões de carbono para produzir carne de frango nesses quatro focos são equivalentes a manter 29 milhões de carros na estrada por um ano.
Mudanças climáticas e pecuária industrial intensiva
A carne de porco e frango são muitas vezes ignoradas como contribuintes para as mudanças climáticas, já que a ênfase é mais direcionada ao metano que as vacas produzem a partir da digestão e do esterco.
Para identificar como o sistema industrial intensivo de frangos e porcos impacta o clima, a pesquisa considerou todos os recursos que são consumidos para criar os animais neste sistema, tais como terra para culturas alimentares, pesticidas, fertilizantes, água e transporte.
Nos quatro focos agrícolas analisados, identificamos que as emissões da produção de suínos superam a de frangos (29 milhões de carros) e equivalem a 74 milhões de carros mantidos na estrada por um ano. Ou seja: as criações intensivas de frangos e suínos em apenas quatro países equivale a mais de 1 milhão de carros mantidos na estrada por um ano.
“Quando as pessoas pensam nas principais causas das mudanças climáticas, muitas vezes pensam em queimar combustíveis fósseis para fins industriais, energia e transporte. Mas há um culpado climático oculto, e um que pode estar no seu prato – carne de criação industrial”, afirma Jacqueline Mills, Diretora Global de Campanhas da Proteção Animal Mundial
Este estudo é o primeiro a medir como os impactos coletivos na redução do consumo da carne de porco e frango criados em sistemas industriais intensivos podem ajudar a proteger o planeta.
No Brasil, reduzir o consumo de frangos e porcos em 50% até 2040 seria igual a tirar 3 milhões de carros das ruas.
Comida, não ração
Notavelmente, os maiores impactos ambientais e de mudança climática dentro do sistema de criação industrial são gerados pela produção de grãos que são usados para alimentar animais desses sistemas. Isso porque o aumento da demanda global por grãos de ração animal impulsiona o desmatamento, fazendo com que o carbono seja liberado na atmosfera quando as árvores são cortadas e o solo é perturbado pela agricultura.
Usar a terra para cultivar plantações para alimentar animais de fazenda, que eventualmente se tornam alimento para humanos, é uma prática altamente ineficiente e destrutiva.
“A agropecuária – direta ou indiretamente através da cadeia alimentar – é a culpada pela destruição de habitats vitais, pelo deslocamento da vida selvagem, e é a maior causadora de sofrimento animal no planeta. Animais sencientes são privados de qualquer qualidade de vida e, em vez disso, sofrem por toda a vida. Muitos nunca veem a luz do sol, vagam livremente em um campo ou até mesmo têm uma vida livre de dor. Isso é crueldade no seu pior e deve acabar”, comenta Jacqueline.
Para cada 100 calorias de culturas fornecidas aos animais, apenas de 17 a 30 calorias acabam chegando aos humanos em nossa cadeia alimentar. A carne e os laticínios fornecem apenas 18% das calorias totais e 37% das proteínas para os seres humanos, mas usam 83% das terras agrícolas.
É hora de mudar essa realidade
O Brasil é um grande consumidor de carne. Em 2020, uma pessoa no Brasil comeu, em média, 12 quilos de carne suína e 41 quilos de frango. Infelizmente, a previsão é de que essa taxa aumente e continue contribuindo para o aumento dos efeitos devastadores do sistema industrial intensiva.
Diminuir o consumo de carne suína por pessoa em 50% até 2040 resultaria em uma redução de 43% nos impactos projetados nas mudanças climáticas. Para frangos, uma redução de 50% no consumo até 2040 resultaria em uma redução de 41% em nossos impactos nas mudanças climáticas.
A solução é clara: comer menos carne de frangos e porcos criados em sistemas industriais intensivos traz benefícios significativos, não apenas para os animais, que podem viver livres da crueldade, mas também para o planeta e as pessoas.
Como você pode ajudar
Você pode agir pelos animais, pelo clima e por sua saúde ao começar a diminuir o consumo de carne agora.
A nossa campanha “Os Reis da Mesa” pode te ajudar nessa jornada, com dicas, receitas e informações sobre como trocar proteínas animais por opções mais saudáveis à base de plantas.
Fonte: WAP – Proteção Animal Mundial.