Cinco curiosidades sobre o Macacário do Butantan e seus habitantes.
Uma das atrações mais concorridas do Parque da Ciência são os macacos rhesus, descendentes da primeira geração de primatas não humanos que veio da Índia para contribuir no combate à febre amarela
Crianças e adultos de todas as idades tentam garantir seu espaço para observar as divertidas criaturas. Olhares atentos para não perder de vista os ágeis moradores do espaço. Dedos no ar apontam as inúmeras estrepolias. Gritos de surpresa e muitas, muitas risadas. Não há dúvidas: você chegou ao Macacário do Parque da Ciência Butantan.
Localizado em uma rua paralela ao Boulevard, o espaço foi liberado novamente para a visitação do público em junho de 2022, com a reabertura oficial do parque. “A área fica cheia de filhotes brincalhões que adoram fazer bagunça! Eles correm, pulam, puxam a cauda um do outro. É muito divertido de ver”, conta a médica veterinária e responsável técnica pelo Macacário do Butantan, Glaucie Jussilane Alves.
Originários da Ásia, a primeira geração de macacos rhesus (Macaca Mullata) do Butantan chegou à instituição em 1929, com o intuito de contribuir com as pesquisas desenvolvidas na época, como a da vacina contra a febre amarela. Atualmente, todos os macacos rhesus moradores do Butantan já nasceram no próprio instituto.
A seguir, conheça outras cinco curiosidades sobre esses animados e divertidos moradores do Parque da Ciência Butantan.
1. Viajantes do Velho Mundo
Os rhesus integram o chamado grupo de macacos do Velho Mundo, assim como todas as outras espécies nativas da Ásia, África e Europa. Entre suas principais características estão a presença de cinco dedos nos pés e nas mãos, o polegar opositor e a cauda que não é preênsil – isso significa que, apesar de escalarem, eles não utilizam o rabo como “apoio”.
“Os macacos rhesus são forrageadores, pois vivem no chão. Já os macacos das Américas, como os de Mata Atlântica, acabam utilizando a cauda como um quinto membro para se locomover rapidamente entre o dossel das árvores. São alterações biológicas que acontecem para uma melhor adaptação ao ambiente”, explica o supervisor do Biotério Central do Instituto Butantan, André Silva de Matos.
2. Vermelho é a cor mais quente
Outra peculiaridade que desperta a curiosidade dos visitantes do Macacário são os traseiros avermelhados ostentados por algumas macacas, indicando que estão em seu período fértil. Em geral, a partir dos 4 anos de idade as fêmeas já estão prontas para o acasalamento, que costuma ocorrer entre os meses de março e setembro.
3. Yes, nós temos bananas! E maçã, melão, tomate…
No Butantan, os rhesus seguem uma dieta balanceada. “Elaboramos quatro cardápios diferentes para variar a oferta de alimentos ao longo da semana”, explica a veterinária Glaucie. Assim, o aporte nutricional necessário é garantido, e os animais não enjoam da comida.
Pela manhã, eles recebem um combinado de frutas, verduras e legumes. Já na parte da tarde, uma ração especial é servida. Além de banana, os primatas amam maracujá, melancia, maçã e melão. E detalhe: nas mãos dos macacos-rhesus, as sementes dos alimentos viram brinquedos e são sinônimo de muita diversão.
4. Área geriátrica
Para garantir a segurança e o conforto dos macacos idosos, o espaço conta com rampas de acessibilidade e controle de temperatura. Com o avançar da idade, muitos acabam sofrendo com a falta de firmeza nas mãos e de força nos dedos. Nesses casos, as frutas já são entregues descascadas, facilitando a alimentação.
Na natureza, a expectativa de vida de um macaco rhesus é de cerca de 17 anos. No instituto, os animais são sempre acompanhados e, quando começam a envelhecer, recebem cuidados extras para ir cada vez mais longe – alguns chegam a ultrapassar os 30 anos de idade.
5. Positivo ou negativo
Os macacos rhesus foram essenciais para o desenvolvimento de diversas vacinas, como da febre amarela, raiva, poliomielite e, recentemente, da Covid-19. Eles também contribuíram com outra importante descoberta para a saúde humana: o fator Rhesus, que determina a presença de um antígeno capaz de aglutinar o sangue. Por isso, são chamados de Rh positivo aqueles que possuem antígenos em suas hemácias e Rh negativo aqueles que não possuem o aglutinogênio.
“O fator Rh foi descoberto em 1940 pelos pesquisadores Landsteiner e Wiener. Ao longo da história, os macacos rhesus foram essenciais para o desenvolvimento da ciência e para a cura de diversas doenças”, reforça Glaucie.
Um pouco de história – e muito conforto
A iniciativa pioneira de trazer uma colônia de macacos rhesus diretamente da Ásia para o Brasil partiu do pesquisador Lemos Monteiro, responsável por conduzir diversos estudos no Instituto Butantan entre 1919 e 1935.
Naquela época, os surtos de febre amarela eram comuns no país, e o desenvolvimento de uma vacina capaz de combater o problema estava na mira dos cientistas. A chegada dos rhesus à instituição permitiu aos pesquisadores estudar com riqueza de detalhes uma série de doenças, chegando de forma rápida a respostas precisas.
“Por mais que os registros da época sejam escassos, a literatura mostra que a manutenção da saúde e do bem-estar dos primatas sempre foi uma preocupação, principalmente por essa similaridade conosco, humanos”, conta André.
No Instituto Butantan, as melhorias nos ambientes dedicados ao Macacário são constantes. Em 2019, o espaço foi ampliado, chegando a 236 m², e ganhou lago artificial, vegetação, rochas e balanços que simulam o habitat natural e contribuem para o enriquecimento ambiental dos rhesus. Dessa forma, eles podem desenvolver suas habilidades e se expressar em plenitude.
“Quando está calor, eles gostam de saltar no lago que tem na área. Quando a brincadeira está no seu auge, geralmente vem uma das mães buscar o seu filhote que não quer sair da água. Lembra muito quando as crianças estão brincando no parquinho e as mamães precisam ir embora”, diverte-se Glaucie, toda orgulhosa das traquinagens dos macaquinhos.
Outra alteração importante foi a substituição de telas por vidros, um detalhe que traz mais segurança tanto para os animais como para os visitantes do Parque da Ciência. Atualmente, o Macacário do Butantan atende a todos os requisitos previstos pela Associação Mundial de Zoos e Aquários, sendo a única colônia de rhesus aberta para visitação em todo o Brasil.
Fonte: Portal do Butantan.