Espanha é o país da Europa com mais golfinhos em cativeiro.
Ranking europeu de golfinhos em cativeiro expõe situações em que a indústria do turismo ainda lucra com práticas ultrapassadas que envolvem sofrimento animal
Novo ranking da Proteção Animal Mundial revela que a Espanha é o país da Europa com mais golfinhos em cativeiro (93), o que representa 30% do total no continente.
O país também conta com mais atrações que utilizam os golfinhos para entretenimento (10 no total) a despeito do sofrimento animal infligido. Ao todo, são 308 golfinhos presos em 34 delfinários situados em 14 países europeus. Portugal, Ucrânia e Holanda também aparecem no topo da lista.
Entre os centros espanhóis, o Oceanogràfic de Valência lidera o ranking, com 20 golfinhos em cativeiro. Por esta razão, lançamos uma petição (em espanhol) para pedir que o estabelecimento pare com a criação de golfinhos em cativeiro, encerrando imediatamente a criação de novos animais nestas condições e promovendo o fim gradual dos espetáculos com os golfinhos já sujeitos a este abuso.
“É comum ouvir o discurso manipulador de que locais como o Oceanogràfic prezam pela conservação dos animais, mas golfinhos em cativeiro não são “embaixadores” da espécie em liberdade – eles são reféns! São aprisionados com o único objetivo proporcionar entretenimento para as pessoas”, denuncia Sandra Campinas, coordenadora de campanhas da Proteção Animal Mundial na Espanha.
Nestes delfinários, os golfinhos vivem por décadas em piscinas 200 mil vezes menores do que o espaço em que teriam livres, no oceano, e passam por treinamentos agressivos em troca de comida.
Apesar dessa realidade inconveniente e pouco exposta, os atrativos obtêm receitas milionárias à custa dos animais. Estima-se que um único golfinho em cativeiro possa gerar entre US$ 400 mil e US$ 2 milhões em ingressos ao ano.
“Os golfinhos são animais muito sociáveis, curiosos e com uma inteligência muito superior a outros animais. Eles são seres sencientes que precisam interagir com seus semelhantes e explorar seu habitat para ter uma vida plena. Defendemos o direito dos golfinhos a uma vida em liberdade. Os mares e oceanos são o único lugar onde eles podem ter suas necessidades completamente atendidas e serem felizes”, explica David Maziteli, Gerente de Vida Silvestre.
“Pedimos que o Oceanogràfic e membros da cadeia produtiva do turismo em todo o mundo, inclusive no Brasil, se sensibilizem, passem a dar exemplo e liderem a mudança para que esta seja a última geração de animais explorada para entretenimento humano”, acrescenta Mazitelli. “Além disso, não podemos perder de vista que essa é uma responsabilidade compartilhada. Além da atuação das autoridades na educação e fiscalização, nós como consumidores devemos identificar atrações inadequadas com a vida silvestre, questionar as empresas e deixar de comprá-los”.
O quadro geral
Felizmente, este tipo de espetáculo de cetáceos (como golfinhos, botos e baleias) já não existe em cerca de trinta países do continente europeu. França, Croácia, Chipre, Hungria, Suíça, Luxemburgo, Eslovênia, Noruega e Reino Unido têm leis que proíbem ou restringem significativamente a exibição de mamíferos marinhos em cativeiro.
Especificamente, a França adotou uma lei em 2021 que garante que esta será a última geração de cetáceos vivendo em cativeiro. Por outro lado, no Reino Unido as condições estabelecidas na legislação para poder manter cetáceos em cativeiro são tão exigentes que é praticamente impossível fazê-lo na prática. Como resultado, não há golfinhos em cativeiro há 30 anos, desde 1993.
Em março de 2023, a Espanha aprovou a nova lei de bem-estar animal que proíbe o uso de animais selvagens em circos, mas essa lei deixou de fora os golfinhos. A Espanha continua a ser líder em número de golfinhos em cativeiro e também líder em número de delfinários, o que faz com que turistas de outros países encontrem esta opção de lazer em Espanha.
Juntos, acabaremos com a exploração animal
Pelo caráter global da atividade turística e dos negócios do turismo, trabalhamos para que as agências e plataformas de viagens deixem de oferecer essas atividades antiéticas.
Como resultado desses esforços, empresas como Expedia e Tripadvisor foram convencidas a parar de promover shows e experiências de interação com animais silvestres. Atualmente estamos trabalhando para que outras empresas do setor se juntem a esta tendência.
Fonte: Proteção Animal Mundial.