Quadros de cólica ocorrem por erros de manejo.

Em 99% dos quadros de cólica ocorrem por erros de manejo e cuidados vão desde o tratador, passando pelo proprietário, chegando aos veterinários.
Estudos realizados nos Estados Unidos demonstram que a maior causa de mortalidade por enfermidade em cavalos é a síndrome cólica. Até 28% de casos de enfermidades em fazendas nos EUA são de cólicas, sendo que a mortalidade de cavalos por essa enfermidade perde apenas para a velhice. Certamente esses dados podem ser extrapolados para a grande maioria dos cavalos do mundo, pois o manejo geral é semelhante.
Segundo a Universidade de Liverpool (RU), a cólica é um termo usado para descrever um sintoma de dor abdominal, que em cavalos geralmente é causada por problemas no trato gastrointestinal. Existem mais de 70 tipos diferentes de problemas intestinais que causam sintomas de cólica, que variam de leve a grave (com risco de vida).
Mas por que matamos cavalos? Porque 99% dos quadros de cólicas ocorrem por erros de manejo. E quem maneja os cavalos no dia a dia? Nós, os seres humanos que amamos e admiramos essa nobre espécie. Consequentemente, basta acertar e corrigir o manejo na rotina diária dos cavalos que praticamente eliminamos os riscos de cólicas.
Mas então por que ainda ocorrem tantos quadros de cólicas e cavalos morrem por causa disso? Em primeiro lugar, porque, infelizmente, o ser humano, no mundo todo, acredita que cólica em cavalo é normal. Mas estado de saúde é normal; doença é um mal que afeta um ser vivo e que deve ser evitado a todo custo, especialmente por aqueles que cuidam e devem zelar pela saúde dos animais; e aqui esse cuidado vai desde o tratador, passando pelo proprietário, chegando aos colegas médicos veterinários.
O papel do ser humano deve ser manter a saúde e garantir o bem-estar dos animais, conhecendo quais são suas necessidades e ofertando aos cavalos o que eles necessitam, de forma a propiciar-lhes uma boa vida com ótimo desempenho.
Mas por que ocorre a síndrome cólica no equino? Qual o manejo correto que deve ser utilizado para se evitar esse transtorno que custa a vida de tantos cavalos todos os dias?
A síndrome cólica ocorre por conta de características peculiares que os cavalos adquiriam ao longo do processo evolutivo. São aspectos que lhe permitiram sobreviver de forma eficiente nos últimos 60 milhões de anos. Claro que ocorreram mudanças desde o Hyracotherium (período Eoceno) até o Equus atual, há cerca de um milhão de anos.
Entretanto, quatro características, às quais denomino preceitos, permanecem imutáveis em todo esse processo evolutivo: o cavalo é uma presa, sendo assim toda sua atitude é como um animal de fuga, estressando-se quando submetido a situação que pode colocá-lo em perigo (até mesmo um tratador ruim); por ser presa, para melhor sobrevivência, é um ser gregário, vivendo em bandos (o isolamento torna o animal irritado e estressado); evoluiu em liberdade, tendo necessidade de caminhar por algumas horas por dia (estima-se que um cavalo em liberdade, dependendo da qualidade da pastagem, caminhe de 2 a 11 km por dia); e, por fim, é um animal herbívoro, cujo aparelho digestório evoluiu em simbiose com microrganismos capazes de quebrar, digerir e disponibilizar nutrientes provenientes de vegetais de fibra longa (capim não triturado, por exemplo).
Os três primeiros preceitos citados (presa, liberdade e gregário), quando não satisfeitos, levam o animal a um estado de estresse intenso, que pode causar desequilíbrio na microflora digestiva, comprometendo o aproveitamento dos alimentos e favorecendo os quadros de cólica. Além disso, a flora benéfica, quando plenamente atuante, inibe a proliferação de microrganismos patogênicos, que causam doenças e agravam os problemas de cólicas; quando a flora benéfica é afetada, esses microrganismos patogênicos proliferam livremente levando a estado de doença.
Fonte: Revista Horse (Brasil).